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Michel Alcoforado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Enquanto pais de alunos querem fim da linguagem neutra, IA nos engole vivos

Fachada do colégio Dante Alighieri, em 2017 - Alberto Rocha/Folhapress
Fachada do colégio Dante Alighieri, em 2017 Imagem: Alberto Rocha/Folhapress

Colunista do UOL

26/03/2023 04h00

Tacanhos.

O colégio Dante Alighieri, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo, enviou aos pais dos alunos um comunicado de repúdio ao uso de linguagem neutra nas salas de aula.

Soube pelos jornais que uma professora de história do sexto ano usou um vídeo produzido por um laboratório de antropologia da USP (Universidade de São Paulo) como ferramenta pedagógica.

Pressionada pelo cumprimento do currículo insosso imposto pelo Ministério da Educação e uma horda de alunos entediados com os próprios privilégios, com a melhor das intenções, ela decidiu inovar. Deixou de lado a lógica repetitiva das aulas expositivas, a lousa e a inável correção de exercícios e apostou nas telas para estudantes viciados em telas. Só não esperava que o manejo dos artigos definidos da língua portuguesa no vídeo ia chamar mais atenção que o conteúdo apresentado.

Os pais preocupados se os meninos ainda vestem azul e as meninas vestem rosa pressionaram a direção para saber quando os manuais de bons modos da elite quatrocentona aram a itir o uso de todes, menines, alunes, garotes por aí. Rapidamente, a escola informou que não, nada mudou. Apesar das transformações do mundo, tudo está como sempre esteve na bolha.

Aqui mora a revolução.

Se os softwares de inteligência artificial (a exemplo do ChatGPT) conseguirem cumprir a transformação prometida, em pouco tempo os pais dantescos não conseguirão pagar as caras mensalidades do colégio. Eles perderão o emprego ou torrarão as gordas fortunas herdadas para viver.

Desde a invenção da máquina a vapor, na primeira Revolução Industrial, padecemos do temor de que as máquinas tomarão os postos de trabalho dos humanos. Do século 18 para cá, pouco a pouco, milhões de trabalhadores braçais foram sendo substituídos por tecnologia e tiveram de buscar outros meios para pagar as próprias contas.

Contudo, com a evolução da inteligência artificial, o risco maior está na cola de quem trabalha com a cabeça. Pela primeira vez na História, o trabalho cognitivo corre o risco de ser rapidamente superado. Quem trabalha de terno e gravata, ganha uma bufunfa e se acha especial pelas ideias que tem entra no ChatGPT e se choca com a rapidez com que a traquitana desenha, escreve, compõe e resolve problemas de difícil solução.

Uma pesquisa recente mostrou que 19% dos trabalhadores norte-americanos serão seriamente afetados pelas potencialidades das plataformas de inteligência artificial. Pelo menos 50% das tarefas diárias de jornalistas, escritores, analistas financeiros, cientistas e desenvolvedores de tecnologias serão feitas pelos computadores. Os pesquisadores concluem que, dessa vez, são os trabalhadores com mais anos de estudo, vindos das melhores escolas e universidades, que terão mais dificuldade de justificar os altos salários no mercado de trabalho.

Não é o fim do mundo. A única saída para que nós, trabalhadores cognitivos, consigamos manter nossos empregos frente à dominação desmedida da IA está naquilo que chamo de "operação gato e rato". Isto é, viveremos em um estágio de eterna vigilância, a medir o quanto aquilo que fazemos corre o risco de ser dominado pela tecnologia. E, na encruzilhada, nos restará desenvolver novas habilidades, nos adaptar aos novos contextos e fugir da obsolescência programada de nós mesmos.

Esse processo só é possível se tivermos senso crítico suficiente para analisar os cenários, encontrar novos caminhos e nos transformarmos. É preciso assumir, de uma vez por todas, que "somos seres programados para aprender" — nos termos de François Jacob — e com um senso crítico que nenhuma máquina terá a capacidade de ter. Esse processo só é possível com uma formação contínua e duradoura.

Mais do que nunca, caberá às escolas o dever de assumir o projeto freiriano de pensar educação não como transferência de conhecimento, mas como um espaço criador de possibilidades para produção e construção de novos saberes. Só ganharemos essa batalha contra as máquinas se formos capazes de aplicar a ideia de que "quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado", como bem lembrava Paulo Freire.

Em um mundo marcado pela onipresença da inteligência artificial, não haverá espaço para gente tacanha. Quem apostar na pobreza intelectual, na estreiteza da mente, na mesquinhez do pensamento e na restrição a qualquer provocação à reflexão será substituído pelos códigos e não terá emprego.

Os pais dos alunos têm o direito de serem conservadores e estimularem seus filhos a não usar a linguagem neutra no cotidiano. Mas quando proíbem a escola de tocar no assunto, eles diminuem a exposição das crianças a novos desafios, a outras formas de pensar, e dão fim ao desenvolvimento da capacidade crítica deles. Eles correm o risco de saírem mais parecidos com as máquinas do que com os humanos.

Para ficarmos aqui no exemplo tosco, gente que é poliglota na própria língua tem mais vocabulário e capacidade de discernir o porquê dos artigos, quando usá-los, com quem empregá-los e como cunhá-los. E de adquirir um pensamento mais complexo, interpretativo e com um discernimento incapaz de ser superado pela inteligência artificial.

Caso nada mude, o mundo tem chance de se transformar em um lugar ainda pior. A vida será dominada por máquinas e tacanhos, sem emprego e com tempo livre, espalhados por aí a nos atazanar.

Estamos à beira do inferno de Dante.