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Matheus Pichonelli

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Fiscais de comorbidade alheia são a nova epidemia das redes sociais

Fiscais da comorbidade alheia transformaram o celular em tribunal na semana ada - Getty Images
Fiscais da comorbidade alheia transformaram o celular em tribunal na semana ada Imagem: Getty Images

Colunista do TAB

22/05/2021 04h00

Se vivo fosse — e se estivesse devidamente vacinado —, Oswald de Andrade já teria atualizado a sentença de Serafim Ponte Grande que acompanhava o encarte de um velho álbum da Legião Urbana. O Brasil de 2021 é uma república federativa cheia de árvores cortadas e gente dizendo se você tem ou não comorbidade.

Não bastasse os apuros com um napoleão de hospício eleito presidente que a seus dias receitando remédio, os tuiteiros resolveram pegar as lupas para distribuir diagnósticos sobre quem pode ou não tomar vacina — um direito tão raro e desejado que virou objeto de ostentação. Aparentemente, a dose não tem efeito se você não compartilhar a imagem nos primeiros cinco minutos.

Eu sei, escrevo como um sujeito invejoso da grama verde do vizinho vacinado. Julgo, mas sei que na minha vez vou compartilhar a foto da carteirinha até em mensagem de balão.

Até lá (2022?), tento entender a epidemia de formandos em medicina com especialização em pixel do Twitter que conseguem, numa batida de olho, cravar quem é que está apto a se imunizar neste país. Como definiu uma amiga, chegamos a um tal estágio da desgraça que amos a cobiçar a comorbidade alheia.

Há quem não só cobiçou como criou sua própria comissão particular de inquérito para apurar a veracidade da anomalia. Alguns chegam a lotar as caixas de mensagens das pessoas vacinadas perguntando, como quem não quer nada, qual é a sua na lista de comorbidades.

Em público, tem quem jure que a única comorbidade que se alastra pelo país é a do "amigo médico". Haja amigo médico pra tanta gente, mas vá lá.

Está certo que, desde a história da grávida de Taubaté, a elaboração meia boca dos nossos traumas levou meio mundo a querer espetar com alfinete a barriga de qualquer gestante à sua frente na fila preferencial. Não deveria, mas numa fila de vida ou morte a coisa ficou ainda mais complicada.

A pandemia da qual esperávamos sair melhores, mais solidários, mais atentos ao que de fato importa nessa vida, se revelou uma fábrica de espertalhões em escala industrial.

Tem o bilontra que te convence a trabalhar doente jurando que a cloroquina te salvará em caso de emergência. Tem o empresário que fazia pouco caso da doença mas que pegou o primeiro voo para se vacinar fora do país —e ainda te mandou uma banana pelo avião. Tem o bonitão que contrata na surdina a enfermeira cambista que prometeu: na sua mão, o ingresso imunológico sairia mais barato. E a golpista que convenceu uma multidão de bonitões de que era mesmo enfermeira e tinha vacina. Era soro.

O medo de ficar pra trás deixou como sequelas um país em estado de paranoia. Com medo de serem os últimos da fila, os sommeliers de comorbidade alheia já demonstram que seriam os primeiros a telefonar para a SS e entregar seus vizinhos na Alemanha dos anos 1930.

"Eu juro, seu guarda. Ela está postando foto com a carteirinha agora, mas ontem mesmo estava eando com o cachorro e nem cuspiu sangue. Tenho prova de que, não faz uma semana, ela até sorriu no elevador quando me deu bom dia. Gente com comorbidade é capaz de sorrir, fala pra mim?".

O recém-formado em medicina pelas redes sociais está descobrindo só agora que é possível ser jovem e ter comorbidade. Essa parte não estava no capítulo dos diagnósticos em 280 caracteres.

Diante de tanta desconfiança, muita gente se queixou da "culpa" por sofrer de males como diabetes, hipertensão, cardiopatias, doença renal crônica e agora poder tomar vacina. A simples justificação parecia não emocionar o tribunal. Uma usuária chegou a convidar gentilmente os reclamões da fiscalização a sair do Twitter. Como se dissesse: se você não está ressentido, este não é o seu lugar.

A cada manifestação do tipo, confirma-se a epidemia de ignorância prevista por José Saramago em "O Ensaio sobre a Cegueira". Chegamos ao capítulo em que, confinados, começamos a trocar sopapos pelos poucos mantimentos que nos restam.

Desconfio que nada disso seria necessário se as autoridades competentes (risos) não tivessem levado tanto tempo para responder, ainda no ano ado, que sim, talvez, quem sabe, o país tenha algum interesse na vacina que vossa senhoria nos oferece e que poderia nos salvar.