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Matheus Pichonelli

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

'Me sinto bem com você' é retrato de relacionamentos em tempos de pandemia

Victor Lamoglia e Thati Lopes em cena do filme "Me sinto bem com você" - Divulgação
Victor Lamoglia e Thati Lopes em cena do filme "Me sinto bem com você" Imagem: Divulgação

Colunista do TAB

15/05/2021 04h00

Dias atrás, meio do nada, lembrei e fiquei imaginando como seria produzir, nos dias atuais, filmes como "Apenas o fim", um hit no circuito indie do fim da década 2000.

Meio comédia, meio romance, o longa acompanhava literalmente os últimos os de um casal interpretado por Erika Mader e Gregório Duvivier que decide, mais por vontade dela do que dele, botar um ponto final naquela história. Sem trauma nem escândalo. Ela queria apenas expandir o universo e sair por aí sem dizer para onde. Era uma espécie de "Antes do Amanhecer" versão PUC-Rio.

Lembrando do filme, que está em cartaz no Belas Artes à La Carte, me perguntei quantas produções poderiam ser feitas sobre as histórias de amor suspensas, iniciadas ou bruscamente interrompidas em tempos de confinamento. Parte da pergunta acaba de ser respondida pelo próprio diretor, Matheus Souza.

Em tempos de pandemia, ele filmou, em apenas um mês, as contingências de jovens adultos isolados que am a se relacionar por videochamadas e áudios de WhatsApp. O resultado é o filme "Me sinto bem com você", que poderá ser visto na Amazon Prime a partir da semana que vem.

Assisti aos dois filmes em sequência. Com alguns pontos de conexão, como o alter ego do diretor desajeitado, abandonado e melancólico que ainda usa os óculos do avô, o longa de 2009 parece muito mais distante de 2021 do que supõe a agem do tempo.

Não só pela aposentadoria precoce de alguns signos daquela década que ali aparecem com frequência: os jovens de All Star coloridos, o Orkut, o PlayStation 3, o gravador de fita, os CDs. (O celular, naquele tempo, era só um aparelho dobrável que as pessoas levavam no bolso e que de quando em nunca tocava, interrompendo nossas conversas).

O país também era outro. A The Economist tinha acabado de dizer que o Brasil, enfim, decolava. O Rio havia sido escolhido para sediar as Olimpíadas dali a sete anos. E a Copa do Mundo que supostamente nos colocaria no centro do mundo não havia ainda terminado em 7 a 1.

De certa forma, os dramas típicos de classe média do casal branco e descolado que esbarra com outros estudantes brancos e descolados (e caricatos) no ambiente universitário também pareciam com os dias contados. A duras penas, aquele país em construção começava a discutir e reconhecer seus gargalos e privilégios. O o à universidade era ponto chave dessa agem, como mostrou outra produção nacional, "Que horas ela volta?", de Anna Muylaert.

Com tantas possibilidades de mudanças, as animosidades que hoje nos pautam e atravessam pareciam (sim, só pareciam) suspensas. Dava até para falar de amor em tela grande sem culpa ou constrangimento.

A mudança mais evidente entre uma produção e outra é óbvia. Aquela DR em movimento já não cabe no novo normal. Os arredores da faculdade deram lugar a um universo expandido e temporariamente confinado dos anos 2010. E as referências agora são atualizadas em tags como k-pop, sertanejo sofrência, o medo do cancelamento, da exposição virtual e dos relacionamentos tóxicos ou abusivos. Tudo mediado por telas e bugigangas por onde fluem e travam o que quer ser dito por quem surta com a falta de conexão estável ou de uma simples tecla de computador — um detalhe que tranca todo o sistema de pensamento.

Ali, em telas comprimidas, o novo filme capta os perrengues de um casal em crise que já não aguenta conviver no mesmo espaço, das jovens em início de namoro que trocam músicas enquanto esperam para se reencontrar, do jovem bem comportado que se atrapalha para mandar nudes, da jovem adulta deprimida que desbloqueia o contatinho e bota o ado a limpo com o ex. Há também as irmãs que compartilham em videochamada as culpas pelos fracassos dos projetos profissionais e afetivos que não am de ideias ruins. E o filho que, a certa altura, precisa explicar à distância como funciona o Tinder para a mãe —que acaba de se descobrir bissexual.

As conversas e conflitos parecem mais pautados pelas dinâmicas de um mundo pré-covid que emergiu do que pela pandemia em si. A começar pela ideia de diversidade, que não se resume à abordagem delicada das relações homoafetivas. Três dos personagens são negros, e uma delas traz o trauma da gordofobia para o centro da relação.

No ano ado, quando lançou "Música para morrer de amor", outro retrato dos relacionamentos made in 2010, perguntei ao diretor do filme, Rafael Gomes, se aquele não seria um registro de uma época prestes a desaparecer. Ele pensou e, no fim, concordou com uma ressalva. Disse que, durante aquela década, que culminaria nos anos Bolsonaro, ficamos mais fechados e desconfiados. E amos a tratar a sentimentalidade com ironia e cinismo. Ao mesmo tempo ele dizia observar que tudo aquilo estava apenas represado. E só precisava de um empurrão para fluir.

"Me sinto bem com você", de certa forma, confirma o prognóstico. Da casca para fora, e antes mesmo da pandemia, as relações digitais pareciam ter confinado e condenado seus personagens a vivências fugidias, efêmeras, distantes e superficiais que se consumiam e desapareciam entre avatares e propostas de pegação virtual. Essa imagem, no filme, dura só até o segundo áudio.

De perto, pelo menos ali, ninguém é tão autossuficiente nem tão impulsivo. A dificuldade dos personagens para encaixar nos relacionamentos a dois — os que começam e os que estão de novo perto do fim — os projetos de poligamia e relações abertas, tão buscadas naquele fim da década de 2000 como uma salvação, são alguns desses sinais de incompatibilidade.

Aqui, a mudança principal entre um filme e outro não é só o meio por onde dialogamos, mas o que está no centro desse diálogo. No primeiro filme, o tanto que se fala indica apenas o quanto que se oculta. A minimização da perda que os personagens imaturos e deslumbrados encenam denuncia a banalização das relações que começam e terminam sem por quê.

No segundo, a ideia de responsabilidade afetiva está ali. Incipiente, mas está. Potencializada pela pandemia que por ora contém os desejos de expansão. Mas está. Em forma de declarações melosas, mas está. (Fernando Pessoa já dizia que todas as cartas de amor são ridículas, e isso não muda quando elas se transformam em áudio de WhatsApp. Até aí, quem nunca?).

Assolados pela distância ou pelo convívio 24h/7, o que personagens e espectadores começam a perceber é que o outro importa, possui histórias, falas, traumas e medos — inclusive da perda.

Pois é. Aparentemente melhoramos.