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Bernardo Machado

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Superar masculinidade tóxica é mostrar aos homens outras formas de se viver

Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

Colunista do TAB

26/04/2022 04h01

Jair Bolsonaro tem demonstrado crescimento no apelo eleitoral entre os homens, conforme demonstram as últimas pesquisas de intenção de voto. Sobre o assunto, o cientista Jairo Nicolau, em seu Twitter, perguntou: "As razões de Bolsonaro crescer entre os jovens do sexo masculino?". Responder tal pergunta não é fácil. Melhor dar um o para trás e ponderar sobre o aspecto de outro ângulo: o que vem ocorrendo com a masculinidade nos últimos anos?

"Presenciamos um momento no qual a definição do que é ser homem tem sido tematizada no intuito de operar transformações" comenta a antropóloga Isabela Venturoza, pesquisadora da Universidade de Campinas.

O debate a respeito das masculinidades — seus repertórios e condicionantes — está na ordem do dia. Se o assunto não é novo — está em pauta desde ao menos os anos 1970, conforme lembra o sociólogo Tulio Custódio —, a partir de 2015 as discussões aram a ter maior vigor.

Embora soprem novos ventos, também há entraves: primeiro, o procedimento que desconsidera a pluralidade das masculinidades; segundo, as alternativas que optam por uma saída individual (e não coletiva); terceiro, reações contrárias (e violentas) à mudança - como o caso de Bolsonaro.

Singular ou plural?

"Quando se pensa em masculinidade, no singular, ela fica muito colada ao termo masculinidade tóxica. É quase como se falar de masculinidade fosse sinônimo de falar de masculinidade tóxica", analisa Tulio Custódio, curador de conhecimento na Inesplorato. Segundo ele, ao entender a masculinidade no singular, só se contempla um projeto específico: "a sociedade patriarcal, colonialista, imperialista supremacista branca capitalista, isto é, um modelo específico de civilização". Esse modelo eclipsa outras maneiras de se praticar a masculinidade.

Por sinal, os termos usados para falar do fenômeno geralmente recaem numa polaridade simples, como "masculinidade tóxica" e suas contrapartes — "masculinidades positivas", "masculinidades saudáveis", "novas masculinidades" —, conforme explica Isabela Venturoza, pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Esse tipo de formulação acaba por naturalizar o que seria o masculino, estabelece uma dicotomia (sem nuances) das experiências e individualiza o fenômeno, como se as pessoas estivessem livres de constrangimentos sociais que estruturam suas escolhas.

Individual ou coletiva?

"Muitas vezes, as abordagens ficam num plano de mudanças mais individuais e de 'melhoramento pessoal', se mantendo desconectadas de reflexões mais profundas (e urgentes) que não am apenas pela maneira como você se relaciona com sua companheira", destaca Venturoza.

Aliás, há um afã de falar da masculinidade "a partir do coração ou do que estamos sentindo", afirma Custódio. O sociólogo continua: "tal procedimento é comum entre homens de classe média escolarizados — ou altamente escolarizados —, que estão falando sobre masculinidade e que se colocam num lugar do 'eu especial', 'eu sou diferente', 'eu sou um homem desconstruído'. Isso vira uma licença para abandonar, esquecer ou ignorar o estrutural". É como se um indivíduo, sozinho, pudesse alterar a estrutura e os repertórios sociais que rondam o assunto.

As relações não am apenas pela maneira com que o homem se relaciona com sua companheira, mas também e necessariamente por outras formas de equidade, destaca Venturoza. Caso contrário, não se considera que outras mulheres continuarão servindo às vontades masculinas e outros homens serão subalternizados, violentados e mortos. Nesse sentido, a pesquisadora entende que tratar a discussão exclusivamente nos termos da expressão das emoções e sofrimentos dos homens não permitirá avançar.

Reações

No debate sobre masculinidades, é comum encontrarmos reações como a afronta, o deboche ou a indiferença. Aqui encontramos parte do eleitorado de Jair Bolsonaro e do próprio presidente, que reiteradamente recorre a referenciais de violência para produzir uma ideia muito específica de masculinidade.

Custódio entende esse tipo de fenômeno como uma espécie de ressentimento. Ele retoma o argumento do livro "Nas ruínas do neoliberalismo", da cientista política Wendy Brown, em que "ela faz uma associação entre o ressentimento do lugar gênero nas relações de produção do século 20". Segundo ela, as referências do arranjo sócio-econômico-cultural, nas quais o pai é o provedor, a mãe é dona de casa e e emocional e os filhos os reprodutores deste caminho, são desbotadas com a quebra das relações de trabalho, com a flexibilização dos contratos, com a redução nas ofertas de emprego e a ampliação da precarização.

Na leitura de Custódio, as transformações se conectam a um ressentimento, derivado de "um mal arranjo do conflito de classes, entre a classe trabalhadora e os capitalistas, que acaba desabando para grupos sociais específicos: as minorias sociais que começam a ser culpabilizadas pelo processo de perda que o capital impõe aos trabalhadores". Nesse sentido, se produz uma postura "que é reacionária e quer reativar elementos de uma percepção de poder que nunca existiu, mas que foi projetada".

Na mesma direção, Venturoza complementa: "Trata-se da fantasia de poder e não do poder em si. Os homens se viram destituídos da sua própria fantasia de identidade e de poder. Nesse caso, parece não existir a possibilidade de 'entrelugares' ou de 'outros lugares' para eles". O universo de parte de quem vota no atual presidente: "São homens que veem no Bolsonaro um oásis a partir do qual é possível resgatar aquele 'modo certo' de ser", completa a antropóloga.

Alternativas

Sem caminhos fáceis, as possibilidades dependem de tempo e empenho e provavelmente não serão solucionadas nesta eleição. "O desafio é envolver os homens e mostrar que eles podem circular pelo mundo de outras formas, inclusive formas que sejam boas também para eles, não só para as mulheres", aponta Venturoza. "Além disso, a mudança precisa ser menos autocentrada e narcísica e não construir um novo status/destaque para os próprios homens. Não é sobre você, é sobre a coletividade, é sobre as mulheres, é sobre as pessoas trans, não-binárias, é sobre homens que não são iguais a você e que não partilham da mesma experiência de mundo que você", complementa a antropóloga.Exemplos podem ser encontrados nos Serviços de Reeducação e Reabilitação para Agressores, fruto do trabalho da Lei Maria da Penha.

Trata-se de grupos reflexivos com homens denunciados por crimes de violência contra a mulher. Neles, profissionais oferecem ferramentas para que os homens escapem dos repertórios que aprenderam a naturalizar. Ali é possível "desenvolver um repertório crítico sobre as perspectivas e condutas machistas e violentas (consigo e com os outros), se responsabilizar pelo que faz e se tornar um possível multiplicador", comenta Venturoza.

Nesse caso um homem que reflete sobre os limites da atual masculinidade pode afetar outros homens da sua comunidade: filhos, irmãos, pais, amigos e colegas de trabalho. Com isso, é possível contribuir para mudar a chave da cultura pela própria homo-socialização masculina. Não é a solução, mas um caminho e uma direção.