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'Sou uma mulher alfa': por que a ativação de arquétipo viralizou no TikTok

Graziela Brito, 26, ativou o arquétipo da Cleópatra em 2018 e praticamente inaugurou a trend no TikTok em 2021 - Arquivo Pessoal
Graziela Brito, 26, ativou o arquétipo da Cleópatra em 2018 e praticamente inaugurou a trend no TikTok em 2021 Imagem: Arquivo Pessoal

Do TAB, no Rio

28/03/2023 04h01

Graziela Brito, 26, ativou o arquétipo da Cleópatra em 2018. À época com 21 anos e cursando faculdade de biomedicina, ela estava numa fase péssima. Mal conseguia sair de casa, tinha baixa autoestima, sintomas depressivos e pouca energia para fazer as atividades do dia a dia. Encontrou, por acaso, um site na internet que falava sobre vários tipos de arquétipos e começou a estudar a vida da última rainha do Egito. "Todo dia eu me fantasiava de Cleópatra até minha mente absorver que eu era a Cleópatra. A partir daí eu mudei completamente", diz.

Para tentar convencer o próprio cérebro a mudar de personalidade, Graziela espalhou ao seu redor imagens de ilustrações da Cleópatra. Investiu pesado em órios grandes e dourados, apostou em maquiagens com cores vibrantes e começou a ouvir áudios de autoafirmação, com mensagens que reforçam o poder da rainha — tudo embalado por um tipo de música que, no senso comum, lembra o Egito antigo. "Fazendo todo dia, você puxa isso para o seu inconsciente."

Ela separou um cômodo na casa, na Bahia, para dedicá-lo ao arquétipo que incorporou. Num pequeno altar mantém uma ilustração da Cleópatra, uma vela dourada, um escaravelho (que pode ser comprado facilmente na internet), um colar grosso que imita ouro e pirâmides egípcias em miniatura. A jovem diz que quase cultua Cleópatra, apesar de não ter religião — ela se identifica como "bruxa natural".

Graziela praticamente inaugurou a trend dos arquétipos no TikTok em agosto de 2021, quando postou um vídeo na plataforma falando sobre os benefícios de ser uma rainha. Ela acreditava que, dessa forma, poderia mudar a vida de outras pessoas também. O conteúdo teve quase 3 milhões de visualizações. O que veio a seguir foi um efeito manada.

Vídeos como o dela começaram a pipocar na rede social, assim como os áudios de ativação. "Eu sou uma líder, governo com facilidade", diz uma voz adocicada em um desses vídeos, publicado pela conta @arquetipomagnetico. "Tenho equilíbrio mental e emocional. Sou uma mulher alfa, tenho visão estratégica." O objetivo é repetir até acreditar.

'Amiga, é tu-do'

A ideia não é exatamente inovadora: é basicamente o que adolescentes fazem quando am por crises de identidade: inspiram-se em características alheias, de personagens de filmes ou séries, por exemplo, e reproduzem comportamentos na vida cotidiana. A diferença é que a ativação de arquétipos tem uma camada irresistível para jovens tiktokers: o misticismo.

Graziela Brito - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Graziela Brito começou a imitar características visuais de Cleópatra
Imagem: Arquivo pessoal

Mais que imitar um personagem, a ativação demanda, segundo os entendidos no assunto, uma conexão com a suposta "energia" arquetípica. Cada arquétipo tem o "lado luz" e o "lado sombra". Os comentários alertam que a ativação é uma experiência forte e que é preciso cuidado para lidar com o assunto. Tudo é uma isca para atiçar a curiosidade e dar um verniz sério e misterioso para a questão.

Esses conteúdos estavam s a um nicho específico no submundo do TikTok até meados do ano ado, quando o assunto furou a bolha esotérica e virou moda entre famosos e subcelebridades. Em agosto, a modelo Yasmin Brunet revelou em entrevista a um podcast que havia ativado o arquétipo Cleópatra, o mais desejado. Descobriu que os dois entrevistadores também ativaram o arquétipo. "Amiga, é tu-do", disse Brunet, que colocou uma foto de Cleopátra como papel de parede do celular, a forma mais fácil de ajudar na ativação (várias montagens desse tipo estão disponíveis no Pinterest).

A modelo disse que ou a se comunicar de forma diferente, tornou-se "fria e sem sentimentos", deixou de ver obstáculos no caminho, atraiu dinheiro e olhares. Quando um dos apresentadores contou que o experimento não funcionou para ele, a modelo respondeu: "Então você não fez [direito], amiga".

Galinha, maçã e Marilyn Monroe

Na última semana, o assunto voltou a viralizar, desta vez no Twitter. Graças a um vídeo com "testemunhas" da ativação, os arquétipos furaram a bolha do pensamento mágico novamente.

Há arquétipos para todos os gostos: lobo (para quem quer desenvolver inteligência e força), beija-flor (que traria paz, cura interior, carinho e "alegria de viver"), maçã, cavalo, tucano, trigo, galinha, deusa Lilith, deus Apolo, Marilyn Monroe etc. Literalmente qualquer coisa pode se tornar um arquétipo na internet, inclusive sons, cheiros e objetos. É possível até ativar o arquétipo Kylie Jenner, como sugere um dos vídeos no TikTok, embora não seja aconselhável absorver a "energia" de alguém ainda vivo.

O conceito de arquétipo foi popularizado em meados do século 20 pelo psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica. Ele propôs a existência de certos padrões emocionais e comportamentais incrustados no inconsciente coletivo da humanidade. Nessa linha, os arquétipos simbolizam formas típicas que compõem a personalidade dos seres humanos.

"É impossível ativar um arquétipo", afirma o psicólogo Gustavo Pontelo, mestre em fundamentos teóricos e filosóficos da psicologia. "Imagens arquetípicas aparecem de forma espontânea. Definitivamente não é como mentalizar deuses e sentir sua 'energia'."

Graziela reconhece que a abordagem mística vai na contramão da psicologia junguiana. Mas, para sua comunidade, isso não é um problema. Seu público é de meninas na faixa dos 13 anos, e a maioria delas usa o TikTok em busca de soluções para angústias típicas da idade. A mensagem que Graziela mais recebe, por exemplo, é de adolescentes perguntando qual arquétipo devem ativar para terem "pais mais liberais". "Eu indico o da serpente", diz.

O nicho dos arquétipos é predominantemente feminino. Baixa autoestima, problemas com relacionamentos e aceitação corporal são temas recorrentes. "O arquétipo da sereia é muito bom para emagrecer, eu perco totalmente a vontade de comer", sugere uma usuária do TikTok. Nos últimos meses, no entanto, homens mais jovens aram a se interessar pelo tema — embora procurem a solução arquetípica para outras questões, como problemas financeiros e timidez.

A geração Z revolucionou o mundo esotérico, personalizando a "espiritualidade" com memes, dancinhas e playlists no Spotify. Por isso, o mercado do misticismo teve um salto na era das redes sociais. O que não faltam são startups, aplicativos e empresas de olho no setor. "Há pouco tempo eu fui procurar um livro esotérico e ele estava esgotado", conta Graziela. "O dono da livraria falou que os livros não param mais na prateleira".

Hoje Graziela tem mais de 1 milhão de seguidores no TikTok (e coleciona mais de 21 milhões de likes), um canal no YouTube e um perfil no Kwai, rede social de vídeos curtos que recentemente a contratou. Ela largou o emprego que tinha num escritório de advocacia e atualmente se dedica à produção de conteúdo esotérico, ganhando dinheiro com publicidade e monetização dos vídeos. Até o começo do ano, realizava consultas particulares gratuitas, mas deixou de fazê-las por causa da alta demanda.

Nem Jung poderia prever que até os arquétipos se tornariam um ramo de negócios próprio, apesar de ele mesmo ter se queixado dos usos equivocados de seus conceitos. Num site, o consultor de desenvolvimento pessoal Helio Couto vende cursos de ativação de arquétipos e temas relacionados. Os preços variam entre R$ 45 e R$ 450, dependendo do assunto. Há opções para empreendedorismo, reprogramações, "alquimia consciencial", "ressonância harmônica" etc.

No Instagram, o perfil @izabel_arquetipos vende por R$ 40 um "Guia Prático dos Arquétipos", livro que promete ser um manual completo para fortalecer a mente e realizar "todos os sonhos e metas". Também é possível adquirir um combo de ativação do arquétipo Cleópatra por R$ 47 na plataforma Hotmart.

O psicólogo Gustavo Pontelo diz que já acompanha há alguns anos o crescimento do mercado de arquétipos. Ele diz que, por ter estudado cientificamente as religiões e mitos, o nome de Jung acaba atraindo "todo tipo de gente que se interessa por respostas mágicas". "Mas é só um jeito desonesto de tentar ter credibilidade", afirma. "Conceitos junguianos têm sido usados como cheques teóricos em branco. Isso de ativar arquétipos é a febre da vez, mas já vi de tudo."