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No centro de SP, população de rua também vota ou quer votar: 'vida justa'

Há 12 anos em situação de rua, Maria José Conceição foi votar no centro de São Paulo - Camila Svenson/UOL
Há 12 anos em situação de rua, Maria José Conceição foi votar no centro de São Paulo
Imagem: Camila Svenson/UOL

Danila Moura

Colaboração para o TAB, de São Paulo

02/10/2022 19h01

Maria José Conceição acordou cedinho no domingo (2). Vaidosa, ou um batom verde nos lábios. Há 12 anos vivendo em situação de rua, num viaduto próximo ao Teatro Oficina, no centro de São Paulo, ela foi votar num colégio eleitoral ali perto.

Escolheu Lula, pois "é nordestino e nasceu na cidade da minha mãe", conta, referindo-se a Caetés (PE). Maria, que não quis informar a idade, diz que trabalha num bar ao lado do teatro, no Bixiga, mas o salário não cobre o aluguel e o transporte. Não tem endereço fixo, mas tem título de eleitor regularizado e foi às urnas.

Não muito longe dali, a confeiteira cearense Beyoncé Matos, 27, dobrava delicadamente seus lençóis a poucos metros da Sé, praça agitada pelo dia de eleições. Os lençóis, na verdade, eram farrapos que ela, zelosa, arrumava no chão improvisado na rua, onde vive desde 2019.

De Fortaleza, Beyoncé é uma mulher trans, trabalhou em padarias paulistanas, perdeu o emprego, tentou se virar como prostituta e, na pandemia, foi parar na rua. Enquanto ajeitava suas coisas no centro histórico movimentado por colégios eleitorais, lamentava não poder votar desta vez: conta que não conseguiu alterar seu nome social e transferir o título de eleitor a tempo.

Assim como Beyoncé, muitas pessoas em situação de rua deixaram de votar. A última vez que Beyoncé votou escolheu Dilma Rousseff (PT), em 2014. Se pudesse, desta vez votaria no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "[Jair Bolsonaro (PL)] não dá", disse ela, apressada, dirigindo-se a um albergue onde poderia tomar banho.

Muitas vezes invisibilizadas, pessoas em situação de rua são "esquecidas" por candidatos no corpo a corpo — e programas assistenciais para elas é um assunto ignorado nas discussões das propostas.

Mutirão

2.out.2022 | Centro histórico de São Paulo no dia das eleições - Camila Svenson/UOL - Camila Svenson/UOL
Beyoncé Matos não conseguiu alterar seu nome social e transferir o título de eleitor a tempo
Imagem: Camila Svenson/UOL

Cerca de 32 mil pessoas vivem nas ruas paulistanas, segundo dados do fim de 2021 — entre elas, 45,7% estavam aptas a votar nestas eleições. No primeiro semestre, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) fez um mutirão para regularizar títulos da população de rua, além de ações para incluir indígenas e quilombolas.

"É tocante sair do escritório e ir a campo ver a realidade das pessoas, aprendemos muito como cidadãos. Foi aí que entendemos que nem adiantaria criar uma campanha digital voltada a esse público. É ineficaz, eles nem veriam", conta a secretária de planejamento Regina Rufino, do TRE-SP. "Temos que ir até eles, sentar no chão, pegar papel e caneta para preencher [os dados]. Impacta demais."

A ação rendeu 119 revisões, 98 transferências de zona eleitoral, 15 emissões de segunda via e regularização de 10 títulos de eleitores suspensos por condenação criminal e conscrição. Segundo Rufino, os números poderiam ser maiores, mas a vulnerabilidade da população de rua dificulta o o a documentos básicos até para tirar o título de eleitor.

Perto da sede do TRE-SP fica a barraca do baiano Wallas Souza, 32. Encolhido para se proteger do sol de domingo, a princípio não quis conversar sobre política. "Se é sobre Bolsonaro, pode ir embora agora", disse. "Quem é ele para chamar outro candidato de ladrão?", indagou.

2.out.2022 | Arredores do TRE-SP no dia das eleições - Camila Svenson/UOL - Camila Svenson/UOL
2.out.2022 | Movimentação no centro de São Paulo no dia das eleições
Imagem: Camila Svenson/UOL

'Uma vida justa'

Há sete anos no Brasil, o torneiro mecânico venezuelano José Gregorio, 51, vive perto do Largo São Francisco, onde foi lida a Carta pela Democracia, um marco das eleições de 2022. Ali, basta atravessar a rua da Faculdade de Direito da USP para encontrar uma pequena cidade improvisada com barracas — nenhuma das pessoas em situação de rua com quem o TAB conversou ali votou.

Com lágrimas nos olhos, Gregorio conta que já enfrentou filas gigantescas para conseguir mantimentos básicos na Venezuela. Migrou para o Brasil em busca de uma vida melhor para seus quatro filhos.

Até hoje a família não conseguiu regularizar sua situação no país e se mantém com documentação provisória. Não pôde votar, mas gostaria.

Gregorio diz que não se considera comunista. "Sou só um ser humano que deseja ter uma vida justa."