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Comunidade ucraniana se une em Curitiba: 'Putin pode ganhar, mas não leva'

Descendentes de ucranianos no Clube Poltava, em Curitiba - Theo Marques/UOL
Descendentes de ucranianos no Clube Poltava, em Curitiba Imagem: Theo Marques/UOL

Douglas Maia

Colaboração para o TAB, em Curitiba

21/03/2022 04h00

Depois de ter suas atividades interrompidas pela pandemia, a Escola Poltava em Curitiba volta a receber alunos. Os grupos de dança e música voltaram ao clube onde ensaiam semanalmente, as crianças voltaram a encher as salas onde aprendem sobre as tradições e costumes ucranianos.

Para os descendentes que frequentam o Grupo Folclórico Ucraniano Poltava, criado em 1981, o momento não poderia ser mais simbólico. Os exércitos russos que marcham sobre diversas cidades ucranianas são movidos pelo discurso do presidente Vladimir Putin, segundo o qual "ucranianos e russos são um único povo", desconsiderando o direito da população da Ucrânia à autodeterminação. Contrariando todas as previsões e análises mundo afora, a resistência ucraniana nos campos de batalha tem surpreendido diante de um poderio militar que esperava tomar o país em poucos dias. Mas a luta ucraniana pela soberania começou muito antes das cenas de civis produzindo coquetéis molotov, que correram as redes sociais.

A oposição armada atual só é possível porque o povo ucraninano, dentro ou fora do território de origem, sempre se dedicou a preservar sua identidade, como conta Jairo Nascimento, bisneto de ucranianos e um dos fundadores do Grupo Poltava. "A Ucrânia foi mantida viva pela diáspora, especialmente nos momentos em que o idioma e a cultura eram proibidos, como durante a dominação soviética". Essa necessidade de afirmação cultural tem sido fundamental para um povo que viveu os últimos séculos sob dominação polonesa-lituana, austro-húngara, russa e soviética, e que mesmo após sua independência, há 30 anos, ainda tem sua soberania ameaçada.

Aula de dança no clube Poltava, em Curitiba - Theo Marques/UOL - Theo Marques/UOL
Aula de dança no clube Poltava, em Curitiba
Imagem: Theo Marques/UOL

Diante da tragédia humanitária que atinge o país europeu, os ucraniano-brasileiros enxergam ao menos uma esperança: "Tenho 34 anos. Nesse tempo a Ucrânia viveu muitos momentos históricos, mas eu nunca vi esse nível de interesse na comunidade", conta o cineasta João Michalzechen, membro do grupo Poltava. "Não esperava que seria tão forte". O desejo de se conectar com as tradições ancestrais e de ar a cultura adiante para as novas gerações tem impulsionado o número de inscritos nos diferentes departamentos do Poltava neste começo de ano.

Na arquibancada do clube, enquanto acompanha os primeiros os de dança típica da filha mais nova, Natália, a contadora Elisete Santana Svidnicki diz que a menina de 7 anos nunca demonstrou tanto interesse pelo país de origem dos tataravós. "Esses dias ela estava vendo o mapa da Ucrânia e comentou: 'mãe, olha o tamanho da Rússia, por quê eles ainda querem pegar o território da Ucrânia?'", diz Elisete. A mãe decidiu matricular a caçula no grupo de dança folclórica do qual a filha mais velha, Isabela, 14, já participa há alguns anos. "É uma emoção grande ver como eles acolhem a responsabilidade de representar essa cultura. Nas apresentações, você vê como todos, mesmo os menorzinhos, levam a sério".

Elisete explica que, apesar de ter aprendido a falar ucraniano antes mesmo do português, não tem contato com familiares que ainda estejam na Ucrânia, mas que a guerra também trouxe para ela uma vontade maior de se aproximar do país. "Recentemente, tentei buscar documentos sobre meus bisavós e minha família. Com a guerra, penso muito no fato de que pode ter familiares meus que estejam ando por todo esse horror", diz.

A contadora Elisete Santana e sua filha caçula no Clube Poltava, em Curitiba - Theo Marques/UOL - Theo Marques/UOL
A contadora Elisete Santana e sua filha caçula no Clube Poltava, em Curitiba
Imagem: Theo Marques/UOL

Solidariedade ucraniano-brasileira

Antes de se tornar uma nação independente, em 1991, os ucranianos já eram considerados uma das etnias mais antigas da Europa, com uma diáspora de mais de 20 milhões de descendentes, que se espalha por todos os continentes.

Segundo a Representação Central Ucraniano-Brasileira, o Brasil tem a quarta maior comunidade ucraniana fora da Ucrânia, estimada em 500 mil descendentes. Desses, mais de 80% vivem no estado do Paraná, onde a comunidade se mantém organizada por meio de grupos folclóricos como o Poltava e o Folclore Ucraniano Barvinok, ambos com sede em Curitiba -- além de organizações religiosas e comerciais. "Mesmo que aconteça o pior dos cenários possíveis [uma anexação do território ucraniano à Rússia], a Ucrânia vai viver nessa diáspora. Putin pode ganhar, mas não vai levar", afirma Jairo Nascimento, do Grupo Poltava.

Aula de música no Clube Poltava, em Curitiba - Theo Marques/UOL - Theo Marques/UOL
Aula de música no Clube Poltava, em Curitiba
Imagem: Theo Marques/UOL

Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, no último dia 15 de março, o número de pessoas deixando o território ucraniano desde o início da invasão russa ultraou a marca de 3 milhões, cerca de 7% da população do país. A estimativa da instituição é que esse número chegue a 10% em breve.

A situação da maioria dos refugiados ainda é incerta e os países europeus vizinhos são os principais destinos, mas os laços da comunidade brasileira com a Ucrânia criaram, por aqui, um ponto de acolhimento para essa população.

A solidariedade se organizou no movimento Humanitas -- comitê criado pela Representação Central Ucraniano-Brasileira para ajuda humanitária aos ucranianos. A instituição reúne diversas entidades civis e religiosas na coleta de doações e no acolhimento aos refugiados. O Humanitas tem cadastrado brasileiros dispostos a abrigar ucranianos deslocados pela invasão, como Elisete Svidnicki. "Não tenho tanto espaço, mas pretendo receber quantas pessoas puder. É nosso papel agora dar todo o acolhimento possível", diz.

Angelina Boiko Menecenko, responsável pelos figurinos e roupas típicas do Grupo Ucraniano Poltava, afirma que a organização da comunidade no Brasil ajudou a manter uma proximidade entre as famílias ao longo dos anos -- uma cooperação que agora pretendem estender às famílias refugiadas. "Meu filho mais novo aprendeu a andar aqui no Poltava. No fundo, tratamos [o grupo] como uma família só. Por isso, todo mundo se mobilizou logo para ajudar quem está ando pela guerra, para que eles possam se sentir em casa", destaca Angelina.

Aula de música no Clube Poltava, em Curitiba - Theo Marques/UOL - Theo Marques/UOL
Aula de música no Clube Poltava, em Curitiba
Imagem: Theo Marques/UOL

O grupo Barvinok, ligado à Sociedade Ucraniana do Brasil — instituição fundada há mais de 100 anos em Curitiba —, também tem visto crescer o interesse e a corrente de solidariedade em relação ao povo ucraniano, não só entre os descendentes. "Na tristeza, parece que a nação inteira se levantou. De repente a Ucrânia deixou de ser um pontinho no mapa para o resto do mundo e, na dor, virou uma nação gigante", comenta a psicóloga e diretora do Barvinok, Solange Melnyk Oresten.

Afirmação e renovação

"Na primeira vez que fui pra Ucrânia com minha família, minha mãe estava conversando com uma senhora ucraniana, que ficou muito impressionada com o fato de que aqui no Brasil nós preservamos a língua e a cultura tão bem", lembra Ulianna Borsuk Czarny, 25. "Até porque, em muitas regiões, a influência da Rússia tem feito com que o idioma mude bastante por lá".

Criada dentro da cultura ucraniana desde pequena, ela faz parte de uma das novas gerações do Barvinok Folclore Ucraniano e encara a responsabilidade de ar adiante o que aprendeu. "A família é muito importante para a manutenção das tradições, por isso sempre conversamos com os mais velhos para aprender o que eles têm a ensinar e procuramos ar da melhor forma para os mais novos".

Para preservar e apresentar esses costumes, em 2022 o grupo tem postado no YouTube uma série de vídeos sobre manifestações da cultura ucraniana. "É uma forma de registrar e de mostrar que estamos aqui, que somos ucranianos", explica a diretora Solange Melnyk Oresten. "E isso independe do que quer que aconteça nessa guerra".

Para Victor Cordeiro, do Poltava, esse é o principal papel dos grupos folclóricos. "Minha avó, que tem 86 anos, veio da Ucrânia fugindo da 2ª Guerra Mundial e uma das coisas mais importantes para ela foi que essa cultura não se perdesse. É difícil para ela compreender que aquilo o que viveu tantos anos atrás está acontecendo de novo", diz o curitibano de 26 anos. "Mas eu acredito que o que está acontecendo, por pior que seja, vai trazer os mais jovens mais para perto da cultura ucraniana. A tradição vai continuar ando de geração em geração e, com certeza, vai voltar com muito mais força quando a guerra acabar", conclui.