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Redemoinho no asfalto e mais de 6h de desvio: as estradas até Ilhéus (BA)

Trecho do Rio de Contas, em Ubatã (BA) - Tainá Andrade/UOL
Trecho do Rio de Contas, em Ubatã (BA)
Imagem: Tainá Andrade/UOL

Tainá Andrade

Colaboração para o TAB, de Ilhéus (BA)

30/12/2021 10h45

Ninguém lembra de algo parecido. As chuvas concentradas entre os estados da Bahia e Minas Gerais — e que agora se deslocam para o Sudeste — transbordam rios, derrubam casas, destroem bairros inteiros. A Bahia não vê tanta água há décadas.

Eu e um grupo de amigos havíamos planejado pegar a estrada a partir de Brasília, cruzar a fronteira estadual e ar a virada do ano numa casa de Ilhéus. Pouco antes do Natal, recebemos um primeiro áudio do proprietário do imóvel, pedindo que desistíssemos da viagem. A justificativa eram as chuvas: somente em Ilhéus, no litoral sul do estado, choveu 70% mais que o previsto para dezembro.

Acompanhávamos, apreensivos, as informações pelos noticiários e a situação em que se encontravam as 132 cidades baianas atingidas — 100 decretaram estado de emergência. Discutíamos se os planos seriam cancelados, mas, ao final, optamos por seguir.

Muitos turistas perderam os planos das férias, mas mais de 630 mil moradores da região estão sofrendo até hoje as consequências da tempestade que caiu sobre o estado no último fim de semana (25). Segundo a última atualização da Sudec (Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia), as chuvas deixaram 90 mil desabrigados e um saldo de 24 mortos. As estradas percorridas revelam caos e estrago.

Cratera aberta no asfalto, com redemoinho, na altura de São Félix (BA) - Tainá Andrade/UOL - Tainá Andrade/UOL
Cratera aberta no asfalto, com redemoinho, entre São Félix do Coribe (BA) e Bom Jesus da Lapa (BA)
Imagem: Tainá Andrade/UOL

Redemoinho no asfalto

A maior preocupação do comboio era com as rodovias. Em uma situação normal, seriam 1.308 km de viagem, entre Brasília e Ilhéus. Mas as chuvas afetaram 44 trechos de rodovias estaduais e federais. Só no primeiro dia foram mais de 300 km de desvio. Seguimos pela saída Norte do Distrito Federal, na BR-020, amos por Formosa (GO) e seguimos até a Bahia, entrando na BR-349.

O intuito era chegar a Bom Jesus da Lapa (BA) por ali, mas em São Félix do Coribe (BA) houve um rompimento na estrada, entre uma cidade e outra. A força das águas do rio criou uma cratera e invadiu o vão. Era possível ver um redemoinho embaixo. A via foi interditada.

Sem informações oficiais seguras, decidimos ir parando nos postos de gasolina de cidade em cidade para nos informarmos. "Não tem como seguir viagem sem se atualizar em tempo real com as pessoas que vieram por onde temos que ar. Tudo está mudando muito rápido", comentou um amigo, o publicitário Wander Martins, 35.

Desembocamos na BR-242 e paramos em um posto de gasolina de Javi (BA). Muitos motoristas estacionaram ali também. O comerciante Leandro Godois, 39, voltava de Itacaré (BA) para Brasília. "Tivemos que pegar mais 50 quilômetros de estrada de chão, muito buraco e atoleiro. Quase ficamos presos na lama. O carro é baixo. Agora mesmo me falaram que quem está ando por lá tem ficado atolado. Tivemos a pequena sorte de ar antes", disse-nos.

Evitamos ar por Lençóis, na Chapada Diamantina, que estava debaixo de chuva forte. A frentista em Ibotirama (BA) nos aconselhou a seguir pela BA-156 e descer rumo a Paramirim (BA). "Fiz esse trajeto hoje, está bem limpa e a estrada é boa. Essa é uma cidade maior, vocês conseguirão estadia para dormir. A serra é muito perigosa para pegar à noite e com chuva."

Ela tinha razão: a estrada era reta, com bom asfalto. Um caminhão tombado no meio da via nos deu um susto, mas a equipe logo liberou o tráfego e seguimos. Ao chegar, descobrimos o pior: não havia lugar para ficar. Os quartos que não estavam ocupados foram alagados devido à chuva. Tivemos de percorrer mais 62 quilômetros para pernoitar em Livramento.

No dia seguinte, em condições normais, mais seis horas de estrada e estaríamos em Ilhéus. No entanto, houve deslizamento de terra no dia 25 na região da Serra do Marçal, entre as cidades baianas de Vitória da Conquista e Itambé. Teríamos que desviar por Jequié, uma das mais afetadas pelas chuvas.

Jequié tem dois rios próximos, o Rio Jequiezinho e o Rio de Contas. O segundo possui a Barragem da Pedra. Seis das sete comportas foram abertas para dar vazão ao volume de água.

"A cidade foi afetada porque os dois rios encheram. Um impediu o outro da drenagem normal, e muitas casas desabaram", comentou um morador da cidade que tomava café da manhã em Livramento. Durante todo o final de semana de Natal, ele ficou ajudando os amigos a salvar seus pertences. Sua casa foi uma das poucas que não alagou, pois mora na parte alta do município.

A viagem ficou mais tensa a seguir, no caminho para Jequié, em um trecho de serra. Curvas agudas nos jogavam para barrancos de terra, de um lado, e para o rio, de outro. Sobre nós, a chuva torrencial caía durante todo o trajeto.

As marcas da tempestade em Jequié eram evidentes. Havia lama por todo o lugar. O Rio de Contas estava cheio e com forte correnteza. Subiu ao nível de invadir uma avenida da cidade. Na saída da cidade, uma cratera tinha acabado de se abrir no asfalto. Tivemos que esperar a pista ser liberada. Só ava um lado por vez.

Dali em diante, só destruição. Ipiaú, Ubatã, Aurelino Leal, Uruçuca tinham lama nas pistas, ruas alagadas, rio com nível alto e águas revoltas. Em Ubatã, na BA-330, pegamos outro desvio por dentro da cidade, por conta de um rompimento na pista de um lado ao outro. A partir dessa parte do caminho, vimos árvores na beira da via, vestígios de deslizamento de terra, lama escorrendo nos canteiros da estrada. Uma ambulância e viaturas policiais avam por nós. Chegamos a Ilhéus às 18h30.

Ilhéus  - Tainá Andrade/UOL - Tainá Andrade/UOL
Estrada parcialmente fechada, a caminho de Paramirim (BA)
Imagem: Tainá Andrade/UOL

Água na altura dos joelhos

A região do cacau está retornando lentamente à normalidade. O comércio todo está aberto, os postos de apoio ficam no centro e recebem doações, principalmente de cestas básicas. Quem coordena a campanha Bahia Solidária é a ONG Voluntárias Sociais da Bahia.

Toda a infraestrutura da cidade foi afetada, o que impacta diretamente o turismo, que é forte com o aluguel das casas de praia. Priscila Vasconcelos, 40, diarista, faz limpeza nessa época do ano nas casas de veraneio. Teve sua casa alagada, na zona rural.

"Como foi descendo, a água foi molhando tudo. Entrava pela frente, saía pelo fundo e as coisas foram descendo, a maior loucura. Da horta não sobrou nada. O pessoal que sobrevive disso ficou sem nada", descreveu.

Na Praia dos Milionários, hóspedes que alugaram casas para a agem do ano desistiram das férias e não quiseram ser reembolsados. "Teve hotel que amanheceu com as coisas boiando. Muita gente desistiu de viajar. A chuva prejudicou as pessoas que vivem do turismo", afirmou Priscila.

"Em um dia eu vendo de 15 a 20 cangas na praia, mas tive que ficar uns quatro dias parado", explicou Vicente dos Santos, 58, que sobrevive do comércio na orla, na Praia de Olivença. Desde o início das chuvas na região, Vicente não tem visto a cor do dinheiro. A quantidade de compradores caiu para dois por dia. O que tem contribuído para manter Vicente tem sido o aluguel das quitinetes de que é proprietário.

Ao menos, desde ontem, o sol voltou a brilhar na Bahia. A reconstrução das cidades, no entanto, ainda vai levar tempo e contar com a solidariedade dos locais. O Ministério das Relações Exteriores recusou a ajuda oferecida pela Argentina. Em entrevista à Folha, Rui Costa, governador da Bahia, afirmou que "Bolsonaro demonstra desprezo à vida humana".