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Fã de Graciliano Ramos equipa Fusca como biblioteca itinerante em Maceió

Mariano Alves de Oliveira e seu Fusca em homenagem a Graciliano Ramos - Dayane Laet/UOL
Mariano Alves de Oliveira e seu Fusca em homenagem a Graciliano Ramos
Imagem: Dayane Laet/UOL

Dayane Laet

Colaboração para o TAB, de Maceió

05/11/2021 04h01

Mariano Alves de Oliveira aponta para uma cachorrinha preta magricela que atravessa uma das ruas do Benedito Bentes, na periferia de Maceió. "Ali vai Baleia", diz ele, em referência à cadelinha-personagem do livro "Vidas Secas", de Graciliano Ramos.

Pilotando um Fusca grafite 1995 lotado de livros, decorado na parte externa com fotos e frases do autor alagoano, o pedagogo de 59 anos conduz a biblioteca itinerante até uma das escolas públicas do bairro para expor, no pátio, seu acervo literário. Seria o primeiro eio do "Fusca graciliânico" desde que começou a pandemia.

"Muitos desconhecem a importância de Mestre Graça para a literatura. O livro carrega em si o estigma de que só é ível para intelectuais ou endinheirados. Tento fazer o caminho inverso, incluir os estudantes em uma atmosfera de possibilidades", explicou ele, que começou a andar com o Fusca temático em 2017.

Desta vez, o centro do pátio da escola estadual Doutora Eunice de Lemos Campos serviu de estacionamento durante toda a quinta-feira. A mesa foi disposta em frente ao carro. O acervo, espalhado ao redor, junto com a de barro, chapéu de couro, colher de pau e uma escultura de metal que representa Baleia, decoram o teto do carro. Ao saírem para o intervalo, os alunos chegaram para para curiar a exposição, atraídos pelo simpático professor e sua máquina travestida de conhecimento.

Alguns fazem piada, outros riem, mas ninguém quer sair de perto. Em questão de minutos, o agora professor "tio Mariano" é bombardeado com todo tipo de pergunta. Ao perceber o interesse dos adolescentes, Mariano vence a timidez e se transforma em palestrante para falar de seu autor favorito. "Graciliano Ramos descreveu como ninguém a realidade de quem vive no sertão nordestino, como um espelho retrovisor onde podemos aprender sobre nossas origens", diz aos alunos. O sorriso de satisfação de Mariano, coberto por uma máscara de tecido escura, podia ser percebido pelos olhos.

Natural de Pesqueira (PE), Alves foi morar ainda criança na zona rural de Joaquim Gomes, no interior de Alagoas e, entre uma reinação e outra, gostava de irar os carros que avam pela BR-101. Foi nessa época — década de 1970 — que viu um Fusca pela primeira vez e se apaixonou.

Mariano Alves de Oliveira e Baleia, personagem de 'Vidas Secas', sobre o Fusca - Dayane Laet/UOL - Dayane Laet/UOL
Mariano e a escultura de Baleia, personagem de 'Vidas Secas', no teto do Fusca
Imagem: Dayane Laet/UOL

Aos 18, começou a trabalhar no centro de Maceió, num posto de atendimento que auxiliava pessoas a tirarem documentos. Depois abriu uma mercearia e foi fazendo bicos de construção, até 1998. Em 1999, fez concurso público para ser vigia escolar e ou.

A literatura veio mais tarde: ingressou no curso de pedagogia aos 50 anos, onde descobriu o legado de Mestre Graça e não parou mais. Encantado, ou a colecionar as obras do autor e a adquirir mais de um exemplar de cada livro.

Casado com Francisca há 22 anos, Mariano conseguiu incentivar suas filhas, a psicopedagoga Deusa e a futura advogada Bruna, a nunca abandonarem os estudos. Em novembro, Alves concluirá uma pós-graduação com foco no ensino inclusivo e já cogita a possibilidade de cursar mestrado. "Descobri que estudar me dá asas. Quero tentar voos mais altos", planeja.

Mariano Alves de Oliveira e os estudantes da escola estadual Doutora Eunice de Lemos Campos, em Maceió - Dayane Laet/UOL - Dayane Laet/UOL
Mariano (de costas) e os estudantes da escola estadual Doutora Eunice de Lemos Campos
Imagem: Dayane Laet/UOL

Serviços à literatura

Em 2017 — mesmo ano de sua formatura —, entendeu que poderia atrair mais curiosos se usasse o fusquinha grafite como arca e aos poucos foi dando vida à biblioteca. Visita locais públicos de grande movimentação, monta seu ambiente graciliânico, e fica à disposição de quem queira conversar sobre literatura.

Não pode doar livros por não ter exemplares suficientes, mas oferece conhecimento e tempo a quem se interessar. Um dos locais que mais o emocionou ao montar a biblioteca foi ao lado da estátua de Graciliano, na orla de Maceió. "Deu trabalho porque precisei de autorização da prefeitura para expor. Uma vez vencida essa burocracia, consegui cativar leitores", comemorou.

O legado citado por Mariano vai muito além dos livros. Além de escritor, Graciliano Ramos foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, no agreste de Alagoas, em 1928. Dois anos depois renunciou ao cargo, mas deixou registrado relatórios contábeis entregues ao governo do estado que mais tarde ficariam famosos por sua fina ironia ao redigi-los.

Outra característica que chama a atenção na rápida trajetória política é a honestidade fomentada pelo escritor, prestando conta de cada centavo do dinheiro público utilizado. "Enquanto istrou Palmeira, ele conseguiu tornar interessantes documentos contábeis, cheios de números. Coisa de gênio", comentou o pedagogo que esteve na cidade durante sua pesquisa e visitou a casa do escritor, hoje transformada em museu. Em suas andanças ele também conheceu Ricardo Ramos, descendente direto de Mestre Graça.

Mariano Alves de Oliveira em seu Fusca - Dayane Laet/UOL - Dayane Laet/UOL
Mariano Alves de Oliveira em seu Fusca e exemplares de obras de Graciliano Ramos
Imagem: Dayane Laet/UOL

As trilhas feitas pelo Fusca literário e seu "Fabiano" chegaram até o poder público e causaram iração entre os membros da Câmara de Maceió. Ele será agraciado com uma das maiores honrarias da Casa: a Comenda Escritor Graciliano Ramos, que existe desde 21 de novembro de 1991, concedida a personalidades que tenham prestado serviços relevantes em prol do desenvolvimento da capital.

A votação teve aprovação unânime e conferirá ao professor Mariano o título de comendador no próximo dia 5 de novembro, numa sessão solene. Nesta data também se comemora o Dia Nacional da Língua Portuguesa.

Quando perguntado sobre a sensação de tornar-se comendador, Mariano citou um trecho de "Memórias do Cárcere", outro clássico, na tentativa de expressar seus sentimentos: "Comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões."