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De Jaguaribe para o Brasil: quem é Faela Maya, a Janete Clair da internet

Faela Maya, cearense que faz sucesso nas redes usando humor e crítica social na novela "Pobreza Brasil" - Arquivo pessoal
Faela Maya, cearense que faz sucesso nas redes usando humor e crítica social na novela "Pobreza Brasil" Imagem: Arquivo pessoal

Mariana Costa

Colaboração para o TAB

16/03/2021 04h00

Uma jovem trans em busca de sua própria identidade sai do interior para a capital com poucos recursos e muitos sonhos. Cinco anos depois, sem emprego, sem dinheiro e sem concluir a faculdade, volta para a casa fracassada em seus planos, mas disposta a enfrentar a conservadora Jaguaribe, interior do Ceará. Prestar um concurso público parecia ser sua última chance, mas a pandemia parecia jogar mais uma pá de terra nos seus planos.

Isolada em casa e sem perspectivas, resolve ar o tempo gravando vídeos com os amigos. Era a chave para uma guinada em sua vida. Em poucos meses, ela vira uma celebridade nas redes sociais, arrebata mais de 3 milhões de seguidores e projeta a pacata cidade do semiárido cearense para todo o Brasil.

Poderia ser a sinopse de uma espécie de Tieta do Agreste às avessas, adaptada para os dias atuais. Mas essa é a história real de Rafaela Maia Magalhães, 29, ou Faela Maya — como tornou-se conhecida na internet. Ela é a autora dos vídeos de humor que têm feito sucesso com sátiras ao cotidiano de uma típica cidade do interior. As cenas são filmadas na casa simples da família e nas ruas do bairro onde mora, na pequena Jaguaribe. Os atores são amigos, parentes e a própria Faela, em tramas que misturam fantasia e realidade.

Orgulho de mãe

Tudo começou com o sucesso de "Barzinho Clandestino", que soma quase 8 milhões de visualizações. No vídeo, amigas solteiras furam a quarentena para ar o Dia dos Namorados juntas: a personagem evangélica que escolheu esperar e acaba se embriagando, a amante de um homem casado que enfrenta problemas com a bebida e a empoderada que sempre perde a dignidade — e liga para o ex que a trocou por outra. "'Barzinho' viralizou como chacota pela atuação das meninas. Aproveitei o ensejo pra mangar dessa atuação e comecei a fazer mais vídeos. Agarrei aquela chance", pontua Faela, com a determinação de quem se acostumou a fazer do limão uma limonada.

Grande elenco de "Pobreza Brasil", de Faela Maya - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Grande elenco de "Pobreza Brasil", de Faela Maya
Imagem: Arquivo pessoal

A repercussão de "Barzinho" fez com que Faela resgatasse uma trama antiga, criada sem grandes pretensões, para os Stories do seu Instagram antes de ganhar fama na internet. "Pobreza Brasil" é hoje um dos seus maiores sucessos, com 33 capítulos e um público cativo de espectadores que acompanham os episódios semanais. A história é protagonizada pela empregada doméstica Teresa do Curralinho (Faela Maya), uma mãe solteira que sonha em ter a carteira assinada, conquistar a casa própria e dar uma vida melhor para a debochada filha Tronco (Joelma Ferreira).

"Teresa representa muitas mães brasileiras que enfrentam adversidades, mas têm valores positivos. É pobre, mas tem princípios que o dinheiro não compra", explica Faela. Ela enfrenta as vilanias de Margô (Yslla Magalhães) e Altiva (Letícia Pereira), duas vilãs caricatas e canastronas, e é surpreendida pela irmã supostamente rica (interpretada por Faela também), que volta da Europa de olho em uma herança deixada pelo pai. A novela já soma 44,7 milhões de visualizações nos canais oficiais de Faela.

Para criar a heroína de valores inabaláveis, a agora instagrammer buscou inspiração na mãe, Maria Maia Magalhães Lopes, 59, conhecida como Ivone. "Sempre foi doméstica e me criou sozinha. Até hoje não conheço meu pai. Hashtag não sinto falta!", dispara. Dona Ivone foi convencida pela filha a atuar e, hoje, é uma das estrelas do elenco. "Rafaela sempre foi muito engraçada. Pensava 'meu Deus, o que Rafaela está fazendo? E ela falava 'mãe, me deixa!'. Pedia a Deus que tudo desse certo e está dando. Vejo minha filha feliz e é isso que importa", orgulha-se a mãe.

Por trás do cenário simples, dos poucos recursos e atuações amadoras, há um roteiro bem construído, carregado de sarcasmo, críticas sociais e referências à política brasileira. Em um dos episódios de "Pobreza Brasil'', Altiva é surpreendida pela irmã que a ameaça usando um liquidificador como arma. Uma alusão à fala do ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni, para quem o risco de uma arma em casa é o mesmo de quem tem o eletrodoméstico. "Misturar certas críticas nem sempre tão explícitas com o humor faz com que a pessoa absorva até sem querer, mais do que a crítica seca, direta. Tem que ser bem feito, de uma forma que não fique invasivo e sem perder a essência da comédia", explica ao TAB.

Faela Maya nos bastidores das gravações - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Faela Maya nos bastidores das gravações
Imagem: Arquivo pessoal

O texto mistura a linguagem rebuscada com expressões regionais típicas daquela região do Ceará. Seus personagens abusam de termos como mangar (debochar), magote (coletivo de pessoas) e mundiça (confusão). "Temos uma riqueza cultural e linguística que acho importante ressaltar. Quero que as pessoas compreendam que existem várias formas de se expressar. Usar a língua culta não te faz melhor do que ninguém. O que adianta usar boas palavras e fazer coisas ruins?", provoca.

Nariz de palhaço

O gosto pelo teatro veio das aulas de arte no ensino fundamental. "Era uma criança estranha e sofria muito bullying. Pra me destacar, participava das peças e sempre tinha algo de humor", recorda. Nascia ali o desejo de contar suas próprias histórias. Faela deixou Jaguaribe para cursar Teatro na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Sem dinheiro e sem conhecer ninguém, foi morar na Casa do Estudante, onde tinha garantidas pelo menos duas refeições diárias. Mesmo com a ajuda da mãe, faltava dinheiro para o básico.

Frequentava peças gratuitas, onde conheceu a cena teatral cearense, um estado conhecido por gerar grandes humoristas. "Gosto muito de Tom Cavalcanti e Chico Anysio", acrescenta. Faela é uma mulher trans e usou o humor como arma para enfrentar a transfobia que muitas vezes atravessou seu caminho. "Ia a pé pra aula e sofria muito assédio na rua. Era complicado. As pessoas ficavam rindo de mim. Um dia pensei 'já que estão rindo, vou dar motivo'. Coloquei um nariz de palhaço e fui, eram 50 minutos andando. Esse foi um dia curioso porque ninguém riu", lembra Faela.

Acabou trocando o Teatro pela Psicologia, pressionada por opiniões alheias. Foi nessa época que começou a transição. Perdeu a bolsa e sobreviver na capital foi se tornando cada dia mais difícil. Tentou trabalhar, mas encontrou portas fechadas e nenhuma oportunidade. Veio a pandemia, e o sonho de se formar teve que ser finalmente adiado.

Era preciso voltar e enfrentar o conservadorismo e o preconceito em sua cidade natal. "Jaguaribe é uma cidade conservadora, o Brasil é conservador. O interior ainda é muito pautado por valores religiosos. Mas retroceder nem sempre é sinônimo de fracassar. Quando estamos muito perto da pintura, não vemos sua amplitude: às vezes é preciso dar uns os pra trás para enxergar melhor", reflete.

Os caderninhos onde Faela cria suas tramas - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Os caderninhos onde Faela cria suas tramas
Imagem: Arquivo pessoal

Faela escreve os roteiros à mão, em um caderninho comum. Quando não está em cena, orienta o fotógrafo da vez sobre movimento de câmera, closes e enquadramentos. Um domínio da linguagem audiovisual construído por horas e horas vendo novelas e filmes na TV, enquanto a mãe trabalhava como doméstica. Seus novelistas preferidos são Ivani Ribeiro, Aguinaldo Silva, Walcyr Carrasco, Glória Perez e Janete Clair, além do colombiano Fernando Gaitán, de "Betty, a Feia''.

Nos seus canais no Facebook, Youtube, Instagram e TikTok são cerca de 3 milhões e 133 mil seguidores. Os vídeos aram a monetizar, e ela conseguiu reformar a casa da mãe, além de pagar cachê para os 14 atores do elenco, que também ganharam fama nas redes sociais. Faela ganha principalmente com o Facebook. "No Youtube tem uma certa burocracia ainda", explica.

A rotina dela e da família mudou, e a pequena Jaguaribe ganhou notoriedade. Faela ainda não sente o assédio nas ruas da cidade, exceto pelo carinho que recebe das crianças.

Há poucos dias, foi entrevistada por uma rádio e um portal de notícias. ou a receber presentes em troca de divulgação nas redes sociais. Já tem fã-clube e canais fakes, que reproduzem seus vídeos à sua revelia. Mas não foi procurada pela secretaria de cultura do município. "As pessoas do interior não valorizam talentos locais. E eu também não pertenço à família tradicional jaguaribense", ironiza.

O público torce por seu sucesso e muitos não pulam os anúncios dos vídeos no Youtube para ajudá-la com a monetização. Faela conquistou a façanha de quase não ter haters — algo raro no campo minado da internet.

Pretende seguir com Pobreza Brasil enquanto a trama render, e sonha com uma vida tranquila para a protagonista Teresa. "Mas não a vejo como uma dondoca que enricou com herança e deixa de trabalhar. Está no sangue dela, ela não se acomoda", prevê.

Está escrevendo um livro infantojuvenil e o roteiro de uma minissérie cujo tema ela mantém em segredo, mas adianta que se baseia em um episódio polêmico da vida política nacional. Enquanto trabalha para abastecer seus canais e seguidores com novas histórias, sonha com voos mais altos. Quer escrever um longa metragem ou ser contratada por uma emissora: "Meu sonho é a tela grande".