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Em SC, praia do Rosa é universo paralelo de uma pandemia de 200 mil mortos

A praia do Rosa, em Santa Catarina, no sábado (9) - Isadora Camargo/UOL
A praia do Rosa, em Santa Catarina, no sábado (9)
Imagem: Isadora Camargo/UOL

Matheus de Moura

Colaboração para o TAB, de Florianópolis

11/01/2021 12h30

"Um coco e uma corona, por favor", pede uma moça de biquíni preto, a contrastar com a pele alva. Ela se apoia no balcão de um dos pontos de venda de bebidas da Praia do Rosa, localizada em Imbituba (SC), próximo ao município de Garopaba. A mulher, na faixa dos 30 anos, se inclina para dentro do balcão, desrespeitando o distanciamento social para com os atendentes, que, assim como ela, não usam máscara.

Ela paga em dinheiro, pega a bebida e desce a faixa de areia para se sentar junto dos amigos. Eles estão no Rosa Norte, o epicentro do aglomerado, onde é impossível transitar sem bater em guarda-sóis e tendas, e, sob eles, grupos de quatro a dez pessoas dividem comida, bebida, cigarros e perdigotos.

A praia, que tem chamado atenção dos noticiários por causa das reiteradas aglomerações, é dividida em três partes: Rosa Sul, à direita, Rosa Norte, à esquerda, e Lagoa do Meio, ao centro. Na região sul, transeuntes se mantêm afastados e famílias ficam a cinco metros de distância umas das outras. Mais ao centro, os banhistas jovens e mais sossegados descansam na areia, também com vãos de distância entre si.

A situação muda completamente na ala norte. Ali é reduto dos jovens que preferem viver no universo paralelo da normalidade a ter de lidar com o fato de que, em 7 de janeiro, o Brasil bateu a marca de 200 mil mortos por covid-19. A reportagem de TAB visitou a praia no dia 2 e no dia 9: houve registros de 2.077 novos casos no primeiro dia, e 3.596 no segundo, só em Santa Catarina. E nenhum desses números parece importar naquele pedaço de areia.

Banhistas na praia do Rosa, em Imbituba (SC) - Isadora Camargo/UOL - Isadora Camargo/UOL
Banhistas na praia do Rosa, em Imbituba (SC)
Imagem: Isadora Camargo/UOL

Roda de narguilé

Em rodas de até uma dezena de banhistas, narguilé, maconha ou chimarrão (a praia é bastante frequentada por gaúchos) são ados de mão em mão, de boca em boca. Copos de caipirinha e latinhas de cerveja são cordialmente oferecidos ao próximo.

No dia 2, logo após a virada de ano, jovens que acabavam de tomar ecstasy se beijavam e abraçavam com fluidez e frequência. Naquele dia, homens vestindo cocares dançavam ao redor de cadeiras, a fim de comemorar o fim do traumático 2020.

Na zona norte da praia, os sons conflitam entre si. Em determinado trecho, a música pop de um grupo de cinco amigas lutava para não ser apagada pelo megafunk (batidão catarinense que mistura funk e eletrônico) da barraca ao lado, com 12 pessoas. No meio dessa batalha sonora, uma família — pai, mãe, filho — desistia de pôr música para tocar.

No geral, megafunk vence sempre. O Rosa Norte é definido pelos jovens bêbados pisando na areia ao som do tunts tunts eletrônico e a voz aguda de algum funk remixado. No dia 2, considerado um dos mais muvucados pelos trabalhadores locais, a batida, somada a muita bebida, servia de desculpa para ultraar o espaço alheio e até beber um pouco mais, a fim de acompanhar a vibe.

O bombeiro militar Henrique Veridiano Gonçalves, 38, na corporação há nove anos, detalha que em dias de banhistas altamente alcoolizados, a entrada na água fica proibida. Ele conta que não há qualquer orientação para dispersão de aglomerações, tampouco lhes é indicado ligar para a polícia, caso haja pessoas demais. Assim, resta aos bombeiros proteger a si mesmos contra a infecção do covid-19. Henrique é o único de seu destacamento a já ter pego a doença: sintomas leves, recuperação rápida. Todavia, teme uma reinfecção, e com isso evita ficar sem máscara no expediente, usa as luvas do kit de primeiros socorros e limpa os pés no pano de cloro e álcool estendido nas portas do destacamento.

Banhista na praia do Rosa, em Imbituba (SC), no sábado (9) - Isadora Camargo/UOL - Isadora Camargo/UOL
Imagem: Isadora Camargo/UOL

Entre a crise e a pandemia

A aglomeração dos banhistas também preocupa trabalhadores de barracas. Dois jovens funcionários que preferiram não se identificar revelam a angústia da doença, mas não negam que o período é bom, economicamente. "Tá sendo o melhor verão", explica um deles. "Por ser jovem, não tenho tanto medo da doença, sabe, mas a gente tem família, né?", continua o outro.

Na mesma faixa etária, eles são parecidos: brancos de cabelo escuro, bigode fino e não usam máscara. Justificam a ausência do utensílio de saúde no calor. "Quando o clima tá mais tranquilo, a gente usa a máscara, só que no calor?" item que fazem errado, mas não creem haver muita opção num clima tão quente e com tanto cliente que também não usa o indumentário. "De 200 pessoas, dez usam máscara quando vem falar com a gente."

Há pouco ou quase nada de lixo espalhado pelos três quilômetros de faixa de areia. Por toda a extensão, tudo que se vê é gente brincando com seus cachorros e jogando frescobol e altinha, o esporte de praia que nasceu no Rio de Janeiro e que tem se espalhado pelo país. Quicando sua bola amarela com os amigos, algumas pessoas parecem absortas, em outro mundo, um em que não há nem covid-19 nem Praia do Rosa.

Mas nem os donos das bolas amarelas toparam conversar com a reportagem de TAB. Ao serem abordados, banhistas franzem o cenho, entreolham-se e, como quem sabe que está fazendo algo errado, negam o diálogo. Atualmente são 5.637 mortos pela doença em SC, e no fundo todo mundo sabe o peso disso.

Marina*, 34, foi a única pessoa que topou falar, mesmo em anonimato. Turista de Porto Alegre, ela, junto de seus cinco amigos, estava em um ponto deserto da praia. "Cheguei aqui cedo e falei com eles [aponta para uma barraca] para ver como eu podia me instalar sem ter ninguém perto. Morro de medo de aglomeração."

Ela e os pais tiveram covid-19. Por ter tido sintomas dolorosos, teme a reincidência e evita muvucas. "Saí para caminhar aqui de noite e é incrível: ninguém usa máscara! Para você ter uma noção, viemos à praia de máscara e todo mundo nos olhou estranho, ninguém usa." E se a aglomeração chegar até ela, ela vai embora e volta para a pousada em que se hospedou. Dividida entre o medo da doença e a vontade de relaxar, Marina tenta encontrar o equilíbrio e se proteger até onde dá.