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Teologia negra resgata conceito de igreja, fé e família entre evangélicos

11.set.2018 -  Fiéis participam de culto em igreja evangélica na cidade de Taguatinga, no Distrito Federal - Lalo de Almeida
11.set.2018 - Fiéis participam de culto em igreja evangélica na cidade de Taguatinga, no Distrito Federal Imagem: Lalo de Almeida

João Vieira

Colaboração para o TAB

21/09/2020 04h00

O número de evangélicos tem crescido a cada ano. Dados de pesquisa do doutor em demografia José Eustáquio Alves, divulgados pelo IBGE no começo de 2020, mostram que há uma perspectiva de que a religião ultrae a católica e assuma a liderança de popularidade no Brasil até 2032.

Muito desse desenvolvimento da fé evangélica se dá pela força da presença negra dentro das igrejas. Pretos e pardos representam 59% dos autodeclarados integrantes da religião dentro do Brasil, também segundo o IBGE. Em via paralela, as mulheres se colocam como 58% do público fiel e frequentador.

A forte presença da religião nas periferias — onde há maior presença de negritude e uma força de liderança feminina nos lares, nos postos de trabalho e na comunidade — justifica a composição demográfica da igreja. E é desse contexto que surge o movimento negro evangélico, organização que faz a ponte entre a fé e a luta pela emancipação do povo preto.

"O povo negro é um povo de fé. É impossível pensar a negritude sem pensar a questão da fé, sem pensar em como a espiritualidade está presente na história. E aí eu não falo só da espiritualidade evangélica, mas da espiritualidade no geral", diz Jackson Augusto, integrante do movimento negro evangélico e produtor de conteúdo no podcast Afrocrentecast, que reúne a comunidade negra presente nas igrejas Brasil afora.

O conceito da teologia negra

A teologia negra encontra uma de suas origens nos ensinamentos do americano James Hal Cone, autor do livro "Teologia Negra e Poder Negro", lançado nos Estados Unidos no final da década de 1960. Ali, Cone defendia a relação entre os estudos da religião e a presença negra nos ambientes de fé com o trabalho pela libertação do povo, fazendo uma distinção dos estudos tradicionais das igrejas — orientados por uma perspectiva branca e europeia.

"A teologia negra eu defendo como a teologia feita pelo povo negro para o povo negro", diz Ronilso Pacheco, teólogo de São Gonçalo que hoje vive nos Estados Unidos, blogueiro do UOL e autor do livro "Teologia Negra: O Sopro Antirracista do Espírito". "Isso quer dizer que a teologia negra é pensada tendo como background e no seu horizonte sua transformação a partir da perspectiva branca, e como ela foi usada, sobretudo pelo colonialismo, para legitimar inferioridade e domínio dos povos negros. Então, a teologia negra surge para disputar o sentido da teologia, a partir da perspectiva negra e africana, recuperar a importância dos lugares africanos que estão nas narrativas bíblicas e foram deliberadamente invisibilizados para poder justificar a suposta inferioridade do povo africano", diz ao TAB.

Nesse sentido, Jackson Augusto tem alguns questionamentos importantes. "O comitê nacional do clero negro nos Estados Unidos diz que a teologia negra é a teologia da negritude. É a gente olhar para a produção religiosa e teológica a partir da experiência negra, da nossa experiência existencial. Acreditamos que a experiência conta, não significa só olhar para Cristo e dizer que ele foi negro. Tá bom, mas como isso fortalece a minha identidade racial?", indaga.

A realidade das periferias brasileiras e o elo de ligação com a história de Cristo é uma das relações que, dentro do campo teológico, se entende como justificativa do fortalecimento da fé nas favelas. "A gente não pode achar que a oração de uma mulher que acabou de perder seu filho, a oração de uma mulher negra que acabou de descobrir que está grávida e talvez o pai não assuma... Qual a oração dessa mulher? É a mesma oração de um Crivella (prefeito do Rio de Janeiro e integrante da Igreja Universal)? Não é a mesma oração. E isso tem tudo a ver com a experiência negra, infelizmente, dentro do racismo. Da experiência do racismo nasce a motivação e a luta pela vida. Isso é o que nos une", continua ele.

É também neste campo da violência que a relação da Bíblia se encontra com a história negra contemporânea. A crucificação de Jesus e a exposição da sua dor e pena de morte em praça pública vão ao encontro da situação das ruas, dos guetos e favelas, no Brasil e no mundo — e a execução de negros, muitas vezes à luz do dia, pelas mãos das autoridades. "O povo se volta contra Jesus, não há comoção sobre o seu corpo, seu sofrimento. A presunção de inocência de Jesus não é colocada, então o povo quer a morte de Jesus. Crucifica, é isso que eles gritam. Qual corpo hoje, na história, não merece nossa comoção? Que é linchado publicamente até a morte? É nesses pontos que precisamos começar a pensar, que não só fortalecem a identidade racial, mas nos colocam em um lugar de pertencimento", atesta Jackson.

Além do pertencimento, Jackson também acredita que é na igreja que a comunidade negra tenta suprimir a ausência do Estado, a falta de estrutura social e de perspectiva que a vida na periferia impõe. "Eu acho que a maioria da população negra é evangélica, porque a igreja evangélica está na periferia. Ela está onde o Estado não está. Se o Estado não está ali, para dar uma iniciação musical a uma criança, para tirar aquela criança de uma realidade de violência, a igreja muitas vezes é esse lugar. É onde a criança vai pintar no chão, é onde a criança vai ser criança, vai receber o lanche dela, que muitas vezes não tem em casa. É na igreja que essa criança vai entrar em uma dinâmica que não é violenta, ali ela a outros mundos e outras possibilidades", afirma o ativista.

As opressões na 'defesa da família'

Lideranças evangélicas de relevo falam muito em defesa da família. É nesse campo que surgem as discussões em torno da legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e seus direitos de constituição familiar — até mesmo de igualdade financeira entre gêneros —, além de ser um forte componente no discurso dos religiosos que se destacam no cenário político, como o pastor Everaldo, presidente nacional do PSC, preso no final de agosto em operação que mirou o governo de Wilson Witzel, e Damares Alves, pastora, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro.

"A família tradicional idealizada não existe. As famílias, na Bíblia, têm histórias muito difíceis, muito complicadas — e poucas famílias são estruturadas. Há mais narrativas que se conectam com as histórias reais das pessoas, em que a história de uma família é uma história com muita dificuldade, lutas, desafios. Elas não são iguais na sua formação, nem na sua trajetória", diz Ronilso Pacheco.

Para ele, a idealização de uma "família margarina" — em alusão às relações familiares retratadas nas propagandas de margarina nos anos 1990 e 2000 — serve a um propósito violento e opressivo. "Vale rediscutir, inclusive a partir da Bíblia, e desconstruir, bater de frente, combater, literalmente, qualquer processo de imposição de um modelo de família que não existe. Ao não existir e ser imposto, ele se torna violento, porque nega outras relações, outras possibilidades de família, arranjos que são extremamente importantes e são acolhidos como família", observa.

É através dessa releitura equivocada e violenta da Bíblia que, na visão de Ronilso, surgem os casos realmente tristes dentro das famílias evangélicas. "Muitos pais e mães evangélicos estão dispostos, inclusive, a permitir que seus filhos saiam de casa — ou expulsam seus filhos de casa por causa de sua sexualidade, por exemplo, e isso é muito entristecedor, uma destruição que é fruto dessa concepção de família e dessa idealização de família inexistente", diz ele, ressaltando, porém, que há também, dentro da religião, quem tenha entendido os princípios básicos da constituição familiar. "Há famílias que estão fazendo exatamente isso, ressignificando tudo a partir do amor, acolhendo, protegendo, cuidando, em arranjos diversos onde o amor é o validador principal, o grande mediador das relações."