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'Discórdia do kebab': veto em cidade italiana gera debate sobre xenofobia

Kebab - Luis Vidal/ Unsplash
Kebab Imagem: Luis Vidal/ Unsplash

Lucas Ferraz

Colaboração para o TAB, de Roma

15/09/2020 04h00

A ideia era revitalizar o espaço urbano do centro histórico de Vicenza, cidade no norte da Itália que é um dos patrimônios culturais da Unesco. Mas a discussão, graças ao argumento exposto no decreto municipal, virou motivo de discórdia e terminou inevitavelmente na prateleira dos assuntos mais incendiários do momento para a sociedade italiana: xenofobia e discriminação racial, invasão estrangeira e choque cultural.

Com o objetivo de "melhorar o nível das pessoas que transitam pelo centro histórico" e do serviço ali oferecido, a prefeitura de Vicenza decidiu estipular novas regras para o funcionamento do comércio na região: só pode ser oferecida carne nacional. Nada de halal ou outro tipo de corte estrangeiro — seja bovino, suíno, frango ou peixe; está vetada, ainda, a venda de bijuterias de baixa qualidade, produtos étnicos ou usados, com exceção de roupas e objetos vintage destinados a colecionadores.

Casas de câmbio e de transferência de dinheiro e lan house, utilizadas principalmente por imigrantes, também estão proibidas, assim como sex shops, comércio de ouro e lojas de celulares. A lista de negócios descrita no procedimento municipal é ampla — veta ainda fast-food e restaurantes ligados a cadeias grandes e médias do setor de alimentos — e foi orgulhosamente formulada pelo Executivo local com a intenção de transformar o centro histórico num lugar "vivo, atrativo e de qualidade, que beneficie a pequena economia local e sobretudo os produtos 'made in Italy'", uma preocupação presente no país há anos, desde que a globalização — ressaltam os estudiosos — ou a ser vista como uma ameaça à cultura local.

A limpeza étnica e social prevista em Vicenza, um dos 55 lugares italianos reconhecidos como patrimônio da humanidade pela Unesco (Itália e China são os países com mais locais atestados pelo órgão das Nações Unidas para a cultura, educação e ciência), virou polêmica nacional exatamente no momento em que o país está sob os efeitos de mais um homicídio envolvendo um negro. Tratava-se de um italiano descendente de cabo-verdianos, possivelmente vítima de crime racial: dos quatro acusados de espancá-lo até a morte — tão jovens quanto a vítima —, dois eram lutadores de artes marciais e tinham proximidade com grupos da extrema-direita local.

"Primeiro os italianos"

A cultura de ódio contra imigrantes, promovida por políticos, partidos e simpatizantes da extrema-direita italiana — que conta com o apoio de uma parcela considerável da população — esquenta ainda mais o debate. Não é à toa que a extrema-direita popularizou slogans como "primeiro os italianos".

"Esse é o espírito da reforma em Vicenza", explica Silvio Giovine, assessor do comércio da prefeitura local e autor da ideia que está no momento sob análise do governo do Vêneto, região onde está a cidade. Antes da medida entrar em vigor, ela deve ser analisada pela Câmara dos Vereadores do município, mas Giovine diz que há uma folgada maioria para referendar o projeto. "O objetivo é aumentar a excelência e o nível da oferta do centro histórico", afirma ele, integrante do partido Irmãos de Itália, descendente direto do Movimento Social Italiano, que foi a maior sigla neofascista da Europa na segunda metade do século 20.

Centro storico invidiabile Grazie @erikz85 per aver condiviso con noi questo scatto

Uma publicação compartilhada por Vicenza, Italy (@thecityofvicenza) em

O secretário Giovine reclamou, em entrevista ao TAB, dos "absurdos" ditos e replicados no país nos últimos anos por causa de seu projeto — segundo ele, alvo de uma instrumentalização política desmedida. "Não somos os primeiros nem seremos os últimos a fazer esse regulamento. Trata-se de algo que é aprovado e defendido pela maioria dos empresários e produtores locais", ressalta.

Em Vicenza, só serão liberados negócios que estejam alinhados à "essência da cidade". De acordo com o decreto, nenhum comércio poderá ser fechado ou terá que sair da região. Assim, a única lanchonete que vende kebab no centro histórico de Vicenza continuará no mesmo lugar.

Tensão continental

A discórdia pelo veto ao kebab (prato que leva carne, originário da Turquia e popular graças à imigração do Oriente Médio), além do desprezo por outros estrangeirismos, não é novidade na Itália e muito menos na Europa de modo geral, mas a tensão cresceu significativamente na última década, quando houve um aumento no desembarque de imigrantes no continente — hoje, em menor número. O discurso popularizado pela extrema-direita ou a apontar a globalização e sobretudo os muçulmanos como uma ameaça às raízes europeias e cristãs. A proliferação da culinária internacional, não somente árabe, explicaria esse fenômeno, muitas vezes descrito como "invasão".

Na França, a proliferação de lanchonetes que vendem kebabs - populares nas cidades europeias com grande número de imigrantes - gerou recentemente debates e desencontros entre comerciantes e partidos como o ultranacionalista Frente Nacional. Seus militantes chegaram a depredar negócios de comida árabe, acusando mais um sinal do enraizamento da cultura do Oriente Médio no coração da Europa.

No ado, na Itália, até partidos da esquerda recorreram a essa política — como aconteceu em 2011, numa pequena cidade da Toscana, à época istrada pelo Partido Democrático, que limitou a propagação de restaurantes chineses, árabes, pubs ingleses e outros negócios internacionais. A justificativa era a mesma: evitar a descaracterização da cultura local.

Agora, contudo, o mesmo Partido Democrático, de centro-esquerda, criticou a decisão da prefeitura de Vicenza, município que tem cerca de 110 mil habitantes. Para Sandro Pupillo, vereador da cidade filiado à sigla, a medida tem sabor discriminatório e xenófobo — o que ele descreveu, na última semana, como uma "lei racial para o comércio". Pupillo se referia à legislação racial aprovada durante o regime fascista de Benito Mussolini, que marcou a perseguição contra os judeus no país.

"Trata-se de um assunto complexo e importante, sobre desenvolvimento urbano e a proteção da economia local, que acabou contaminado por esse discurso contra o estrangeiro, o imigrante, algo difuso na sociedade italiana", lamenta o sociólogo Marco Binotto, professor da Universidade Sapienza, de Roma, e dedicado ao estudo de temas como consumo responsável, cultura e imigração.

Em entrevista ao TAB, ele lembra que a cozinha mediterrânea, orgulhosamente celebrada pelos compatriotas, é fruto de uma mistura cultural que também envolveu experiências entre diferentes povos e conquistas, o que geralmente é ignorado. Binotto afirma que o mais provável é que projetos como o de Vicenza transformem o lugar - no caso, o centro histórico - numa espécie de cidade-museu, sem vida, sem diversidade e destinada apenas a quem tem dinheiro. "Isso, a curto prazo, pode trazer algum benefício e deixar as pessoas contentes, com tudo limpo e bonito. Mas a médio e longo prazo, causa um empobrecimento e anula toda a riqueza da vida humana. É um modo defensivo da sociedade achar que vai resolver as mudanças culturais. Joga-se tudo para debaixo do tapete recorrendo a uma fórmula mágica que, no fundo, não existe".