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'Funkeiros cults' faz humor com memes de pensadores e gírias da quebrada

Thiago Torres, estudante de Ciências Sociais, o "Chavoso da USP" - Reprodução/Instagram
Thiago Torres, estudante de Ciências Sociais, o "Chavoso da USP" Imagem: Reprodução/Instagram

Giacomo Vicenzo

Colaboração com o TAB

22/06/2020 11h00

Há incontáveis formas de reagir à obra "A Metamorfose", de Franz Kafka, publicada em 1915. O livro, que narra a terrível transformação de um homem em um inseto medonho, virou meme. A exclamação original que viralizou nas redes sociais foi "Caralho, o menor virou um inseto!"

Quem está no meme com o livro de Kafka nas mãos e "mó chave" (vestido de forma estilosa) é Dayrel Azevedo, 21 anos, de Manaus. O jovem criou a página Funkeiros Cults no Instagram há pouco mais de um mês. Os perfis reúnem memes que fazem a fusão das gírias do funk e da periferia com o nome de grandes autores, pensadores, suas frases e ideias centrais.

"Quando criei, usava figuras famosas já do meio do funk, só que era limitado e parecia muito sarcástico, como se fosse só piada, coisa que eu não queria. Desejava mostrar mesmo pessoas reais do cotidiano da periferia. Foi quando resolvi postar uma foto minha lendo o livro 'A Metamorfose' e a página viralizou", lembra ele.

Com o aumento no número de seguidores, um grupo foi criado também no Facebook e Azevedo começou a receber memes tanto no grupo como em mensagens pessoais, que hoje ajudam a alimentar o conteúdo das duas redes.

Os posts são sempre bem humorados, e a maioria mostra a capa dos livros e nome dos escritores. O filósofo alemão Friedrich Nietzsche já deu as caras por lá: "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música" virou "E aqueles que foram vistos embrasando [dançar abafando, chamando a atenção] foram julgados insanos por aqueles que não sabiam dançar o inho".

Zarastruta

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Para Azevedo, a criação da página vai muito além do humor e tem como ponto de partida situações de preconceito que já vivenciou. "Nasci e cresci no bairro periférico Compensa, dito como um dos mais perigosos do Amazonas. Estudei a vida inteira e me formei em escola pública. Tenho paixão por cinema e literatura, mas sempre ouvia comentários preconceituosos relacionado ao funk", afirma. "Não entra na cabeça das pessoas que quem ouve um certo estilo de música ou se veste de alguma forma pode ter conhecimento de algo que é escolhido pela elite como cult."

O manauara trabalhou durante um ano no setor istrativo de uma instituição de ensino superior de sua cidade, e planejava cursar psicologia, mas, com a chegada da pandemia de Covid-19, foi demitido junto com outros funcionários. "Trabalhar numa instituição de ensino abriu muito meu conhecimento. Ter esse contato com biblioteca e professores me ajudou muito", lembra.

Hoje ele divide seu tempo entre entregar marmitas pelo bairro, para ajudar na renda da família de oito pessoas, e a leitura de autores como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Jean-Paul Sartre e Baruch Espinoza. "Quem imaginaria que um favelado saberia o que é Dostoievski? O que mais falta às pessoas de periferia é o incentivo, e a página de certa forma incentiva", comenta.

Dayrel Azevedo, criador da página 'Funkeiros Cults' - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Dayrel Azevedo, criador da página 'Funkeiros Cults'
Imagem: Reprodução/Instagram

Da academia para o bailão

Para Ísis Luna, 24, que faz parte do grupo Funkeiros Cults nas redes sociais e está no segundo período do curso de história na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a página também serviu para levantar a pauta sobre gênero por meio de um meme que criou de si mesma.

"Vi os memes com uma linguagem da periferia e 'ando a visão' dos livros bastante conhecidos na academia e quis colocar esse debate em jogo pelo fato de eu ser uma mulher travesti também", comenta.

Quem também já virou meme na página foi Thiago Torres, 20, estudante de ciências sociais da USP (Universidade de São Paulo). "Conheci a página logo que ela foi criada, porque o terceiro post dela foi feito com uma foto minha", lembra Torres.

Conhecido como o "Chavoso da USP", Thiago nasceu na Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo, e acredita que a página é um bom incentivo para leitura e popularização de livros acadêmicos clássicos.

"Ver pessoas com a minha aparência, com o meu estilo, falando sobre literatura e ciências humanas é muito importante. O meme é fácil de viralizar porque tem uma linguagem simples, uma mensagem curta e direta. É um ótimo jeito de divulgar esses livros e suas ideias centrais", opina o estudante.

O livro "Racismo Estrutural", que debate como o racismo está historicamente estruturado nas diversas esferas da sociedade brasileira, também virou um meme da página e contou com o agradecimento do autor e jurista Silvio Luiz de Almeida, doutor em filosofia e teoria geral do direito pela USP (Universidade de São Paulo).

"Foi algo muito importante para mim, e demonstra que vale a pena continuar escrevendo. O intuito de se escrever é fazer com que o conhecimento se torne algo que possa ser aproveitado na vida das pessoas, principalmente quem escreve as coisas que escrevo", disse o jurista, em entrevista ao TAB. Silvio de Almeida será entrevistado nesta segunda-feira (22) no programa "Roda Viva", pela TV Cultura.

ATENÇÃO LEITURA OBRIGATÓRIA

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Almeida também lembra a importância do o ao ensino. "A política de cotas para o ensino superior abriu esse espaço para que esses jovens tivessem contato com essas formas de conhecimento mais tradicional."

Para Almeida, o funk é uma legítima expressão da juventude e os ataques e perseguições aos músicos e à própria música em si são uma expressão do conservadorismo brasileiro. E traz a reflexão feita nos anos 1990 da música dos Mc's Amilcka e Chocolate — funk é música de preto e favelado essencialmente, mas não só. Ele é feito por pessoas pretas que estão nas favelas, nas periferias e nas comunidades, são artistas brilhantes que entendem como é possível sobreviver, apesar das condições adversas. É necessário que haja muita inteligência para isso.

Doutorando em música pela USP, Thiago Souza pesquisa funk e faz parte da grupo Funkeiros Cults. Ele acredita que o senso comum acha que funk e conhecimento não andam juntos. "Não se espera que uma pessoa com formação musical, um músico que estudou música clássica e que tá no doutorado no departamento de música da USP, defenda a musicalidade do funk", diz sobre si mesmo.

Souza é um membro ativo do grupo e já compartilhou experimentos que fez, unindo o funk e a música clássica. "O funk usa muitos timbres no geral e tem uma variedade sonora muito maior que a obra de Mozart, por exemplo. Levo essas informações por meio do humor. Usei a melodia do 'Rabetão' do MC Lan e a toquei polifonicamente, ao estilo de Bach. O pessoal da página amou", comenta ele.


Democratização da educação

O grupo no Facebook promove debates diários sobre autores, dicas de estudo e cinema. Isso atraiu a atenção de professores que se disponibilizaram em ajudar os jovens, a maioria em idade escolar.

Estudante da rede pública e moradora do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo, Lethicia Felix da Silva, 15, teve a ideia de criar um grupo de estudos no WhatsApp com quem deseja aprender e com quem está disposto a ensinar. "No grupo eu vejo muita gente que está onde eu desejo estar e saiu do mesmo lugar que eu. Isso é um incentivo. Boa parte dos professores que estão lá no grupo também se formaram em universidade pública. O conteúdo que é compartilhado lá também vai ser usado por mim para estudar e tentar ampliar um pouco mais meu reportório", comenta Silva, que sonha em cursar medicina em uma universidade pública.

Com as aulas presenciais suspensas devido à pandemia de Covid-19, a estudante também revela dificuldades para acompanhar o conteúdo ado pela escola e diz aprender coisas novas com o grupo, além de conhecer o nome de alguns autores que estão despertando o seu interesse para leitura na página Funkeiros Cults. "O ensino a distância está sendo muito difícil, os professores não tem tanto tempo disponível", comenta Lethicia.

A representante comercial Gicélia Félix, 44, que é mãe da jovem, revela ter acompanhado dias difíceis de sua filha em relação ao ensino a distância e vê esperança na iniciativa dos jovens funkeiros. "Confesso que tenho muita preocupação com esse ano letivo. Vi minha filha chorar muitas vezes diante do computador com tanto trabalho pra entregar e em pânico por não entender a matéria", diz.

Também unida pelo ritmo musical em comum está a professora e graduanda de letras Camila Almeida, 21, de Cuiabá, que faz parte da rede de 50 professores que se dispam ajudar os estudantes. Nos três grupos de WhatsApp (um para cada área de conhecimento: humanas, exatas e biológicas) reúnem 631 pessoas. Camila Almeida e os outros educadores estão reunindo material e pretendem estipular temas de debate e leitura nos grupos. "A ideia de democratizar a educação é muito necessária", comenta.