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'Guerra contra o vírus e a desinformação é bombástica', diz pesquisadora

Protesto contra o banimento de muçulmanos nos EUA, no aeroporto de Los Angeles, em 2017 - Kayla Velasquez/Unsplash
Protesto contra o banimento de muçulmanos nos EUA, no aeroporto de Los Angeles, em 2017 Imagem: Kayla Velasquez/Unsplash

Letícia Naísa

Do TAB

30/05/2020 04h00

Vivemos tempos estranhos. Cerca de cem anos atrás, um escritor russo já havia percebido. No romance distópico "Nós", Yevgeny Zamyatin (1884-1937) apresenta uma sociedade aparentemente perfeita, mas vigiada. A tecnologia serve para controlar 10 milhões de habitantes. Cada pessoa é, na verdade, um número. A obra, publicada em 1924, foi baseada nas observações do autor sobre a Revolução Russa, e serviu de inspiração para o grande clássico "1984", de George Orwell (1903-1950).

Em 2020, "Nós" é homenageado na nova publicação do grupo de pesquisa Comunidatas, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), coordenado por Pollyana Ferrari, pesquisadora de mídias digitais, tecnologia e professora da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Assinado por dez pesquisadores do grupo, a coletânea "Nós - tecnoconsequências sobre o humano" traz reflexões sobre o papel da tecnologia sobre as nossas relações e nosso modo de viver.

Com previsão de lançamento para março, os doze autores que colaboraram para a coletânea foram pegos de surpresa pela pandemia. Rapidamente, o projeto foi repensado para o contexto do novo coronavírus.

Ferrari é a voz narradora dessa história de como a tecnologia nos conduziu ao momento que vivemos. Por meio de um diário, a professora introduz temas de relevância, como fake news na política, influência do Instagram e do Twitter no jornalismo, apps de relacionamento, a percepção de tempo em meio às telas, a educação no século 21, o consumo de videogames, como o isolamento social acentua as desigualdades e como a informação pode salvar vidas.

A pesquisadora conversou com o TAB sobre o lançamento do livro, disponível para gratuito, e seus temas densos.

Pollyana Ferrari, pesquisadora em mídias digitais - Divulgação - Divulgação
Pollyana Ferrari, pesquisadora em mídias digitais
Imagem: Divulgação

TAB: Logo na introdução, o professor Eugênio Bucci, de comunicação, questiona o que há de humano em nós. Existe uma resposta a essa pergunta?

Pollyana Ferrari: Não sei se tem uma resposta, essa é a resposta de um milhão de dólares, todo mundo quer saber o que vai acontecer, especialmente no pós-pandemia, mas o livro instiga as pessoas a discutirem onde foi parar o humano. O próprio Zamyatin discutia isso: em "Nós" não existia identidade individual. A gente não é contra a tecnologia, mas quando ela desconecta da busca do humano, dessa capacidade de amar, citada pelo [filósofo polonês Zygmunt] Bauman, que é o que nos torna humanos, a gente perde o pé de vez. O nosso livro é quase um alerta. A gente faz mais perguntas do que oferece respostas.

TAB: Como foi ver nascer o fenômeno das fake news e como isso mexe com nossa resposta frente à pandemia?

PF: Pesquiso tecnologia desde 2000 e, desde 2016, estou pesquisando desinformação. Te confesso que achava, no começo, que era um câncer ali mais ligado à política, que gestores iam usar em eleições. Quatro anos depois, vejo que é um tecido. A desinformação está em tudo. Quando comecei a ver as agências falando que estava pior, a desinformação está disseminando ainda mais mortes, pensei que não tem jeito. É um fenômeno que depende da tecnologia, porque as fake news só se disseminam nessa escala absurda porque usam bots, inteligência artificial. É muito triste.

TAB: Você fala que as fake news são como um parasita e faz um paralelo com o filme coreano vencedor do Oscar. Como isso aconteceu? Os pesquisadores previam que poderia acontecer?

PF: Alguns pesquisadores já apontavam esse caminho. De 2010 para cá, a ação de bots e a consolidação de uma deep web aconteceu mais intensamente. Olhando as manifestações de 2013, a gente já consegue ver que havia essa nuvem pairando. E, em 2018, explodiu. O WhatsApp parou o país com os caminhoneiros, mas já estava ali. É assustador, mas temos que ter parcimônia. A desinformação é o parasita desse século e não vai ar. Ou vai ser sobre Amazônia, ou desemprego, ou relacionado à saúde, aos prefeitos. A gente vai ter de conviver, é mais distópico do que "Black Mirror". Vai em todas as camadas e vai exigir um exercício duro do humano. É difícil não cair, não compartilhar. Vai depender desse resgate do humano.

TAB: Como o tema do livro dialoga com a pandemia?

PF: Nós dançamos à mercê de governos, de políticos. E os pobres e os negros são quem mais paga a conta. Todo mundo está suscetível à pandemia, mas sempre estoura para o lado mais fraco. A gente já estava cantando essa bola de que falta alimentação, morrem mais pessoas negras e pobres. Parece que havia uma normalidade nisso. A pandemia só mostra que já estava tudo errado. A Covid-19 é quase um chamado: pixel por pixel, teremos de desmontar essa estrutura vigente.

TAB: No livro, vocês falam da pandemia como sendo um fenômeno midiático. O que isso quer dizer?

PF: [O sociólogo] André Lemos fala que os tempos de crise são bons para revelar tensões escondidas. Digo que não estavam tão escondidas para quem é atento. Começamos a discutir fake news com Donald Trump, depois no Brexit, nas eleições presidenciais com Bolsonaro, mas, com o novo coronavírus, explodiu. As agências de checagem se juntaram para dar conta. Mesmo assim, elas enxugam gelo, infelizmente. A desinformação está junto com o vírus. Se tem tensão política entre a vida e o emprego, aí tem uma infodemia, desinformação chegando aos grupos, gente tomando desinfetante, achando que há cura, saindo para a rua. Então, também é uma crise midiática. A imprensa está batalhando por fontes, alertando as pessoas. É uma guerra da biologia, do vírus, e da desinformação. São as duas ao mesmo tempo, e é bombástico o efeito.

TAB: Vocês discutem que a tecnologia é social. Como?

PF: O vírus sozinho, em laboratório, não causa nada. A tecnologia sozinha, sem o humano, é só uma plataforma. Os bots e a inteligência artificial não existem sozinhos. Precisa de algum humano computando para ser compartilhado depois, mesmo que automaticamente. Precisa do lastro social. Os grupos, o Facebook, o compartilhamento não acontecem sozinhos. É o engajamento do humano que propaga essa inteligência. As empresas podem criar as ferramentas de engajamento, mas as pessoas precisam abastecê-la e compartilhar. A "nuvem", por exemplo, tem um dono. Chega ao gabinete de alguém, tem um interesse. Antes da pandemia a gente não percebia muito, mas a gente estava no Zoom, na videochamada: não são tecnologias novas, tudo já existia, só que a gente não tinha noção tão clara de que se conversava com bots, que estávamos sendo monitorados. Por estarmos em casa, percebemos. Na ponta, sempre tem um humano. Se a tecnologia se desconectar do humano, ela não serve para nada. Sempre tem um dono por trás.

TAB: Existia uma positividade muito grande frente à tecnologia no final do século 20. Você até cita o desenho dos Jetsons no livro, mas hoje, com o uso abusivo de redes sociais, a gente pode dizer que a tecnologia é positiva?

PF: A gente pode dizer que ela é 50% positiva e 50% negativa. A gente foi para o fake [como um estilo de vida] junto com o avanço da tecnologia. Postar uma vida que não é sua, as redes sociais mostram uma felicidade absurda, e quando vimos, estávamos nos desconectando, consumindo de forma exacerbada, sem olhar para o lado. Agora as pessoas estão percebendo que não sabem limpar a casa, que tem gente pobre. A gente foi desconectando do social. Já estávamos doentes. A pandemia evidenciou os 50% bem ruins dessa equação.

TAB: A tecnologia nos torna mais humanos também?

PF: As plataformas nos aproximam: falo com uma amiga na França no aniversário dela, com os meus pais no interior pelo celular. O problema é que a gente entrou num storytelling das marcas que era uma coisa fake. É duro a pessoa querer transformar a casa dela num estúdio. Eu não sou um produto. Mas essa ideia estava contaminada. A tecnologia é legal e é ela quem está ajudando a achar uma vacina para o novo coronavírus, por exemplo, mas às vezes essa relação é ruim. Esse humano que se sente sozinho vai ter de procurar outro humano para melhorar. Não é a tecnologia que vai resolver. Em um dos capítulos do livro falamos de suicídio: a tecnologia pode identificar esse comportamento, mas aquela pessoa precisa de um ser humano, de um abraço, de alguém com ela. Não basta o algoritmo perceber e alertar.

TAB: Um dos artigos discute a percepção do tempo na pandemia. Como as redes e a tecnologia influenciam essa mudança?

PF: O mundo pós pandemia — as pessoas chamam de novo normal, mas eu não gosto desse termo — não será igual. Tudo será diferente, o comércio será diferente, as pessoas têm medo de ficar aglomeradas. E tudo mudou, ficamos 10 horas na frente de telas, a louça acumula, o sono foi afetado. E a pandemia fez a gente olhar esse tempo. Será que eu preciso responder a um WhatsApp no mesmo minuto? Não posso esperar? Tem gente aprendendo a cozinhar para não pedir comida o tempo todo. Todas essas renegociações do corpo, esse contexto em que a gente é obrigada a testar tudo, o estresse, a ansiedade, o dinheiro, a casa, as relações, tudo estourou. Temos de encarar o tempo do corpo. Em cada um bateu de uma forma, mas estamos sendo testados. A tecnologia só escalona isso, se você era viciado em telas, agora ainda mais.

Livro "Nós ? tecnoconsequências sobre o humano", do grupo de pesquisa Comunidata - Divulgação - Divulgação
Livro "Nós - tecnoconsequências sobre o humano", do grupo de pesquisa Comunidata
Imagem: Divulgação