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Batalha de varandas e janelas acirra disputa ideológica durante pandemia

Projeção da artista plástica Ana Teixeira em um prédio da zona oeste de São Paulo - Arquivo pessoal
Projeção da artista plástica Ana Teixeira em um prédio da zona oeste de São Paulo Imagem: Arquivo pessoal

Elisa Soupin

Colaboração para o TAB, do Rio

23/04/2020 04h00

Os tempos são de isolamento social. Às 20h30, o presidente Jair Bolsonaro faz um pronunciamento. Nas janelas de uma vizinhança na Glória, bairro da zona Sul do Rio, um aço extremo começa. São ouvidos gritos de "Fora, Bolsonaro!", "Fora, miliciano!". De outras janelas, apoiadores de Bolsonaro bradam: "Mito, mito!", seguido do hino nacional. A resposta do lado de lá é a canção "irável Gado Novo", de Zé Ramalho, na potência máxima do som, em referência à forma como parte da esquerda brasileira se refere aos iradores do presidente.

Além das redes sociais, inflamadas há um bom tempo, janelas e varandas se transformaram em espaço de expressão para boa parte da classe média que está confinada em casa e apartamento. Com as decisões do governo federal, os ânimos vêm se acirrando entre vizinhos. Trocas de ofensas e até alianças viraram rotina na batalha das janelas. Episódios parecidos têm sido registrados em outras partes da cidade e capitais do país. Pelo menos dois edifícios em Perdizes, bairro da zona oeste de São Paulo, foram atingidos por tiros com armas de pressão durante aços. A Polícia Civil investiga os casos.

Aliados e antagonistas da varanda

Moradora de Copacabana, a analista de treinamento Lorrayne Misquey, de 29 anos, fez amizades pela janela, com vizinhos que têm convicções políticas parecidas com as suas, no bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio.

"Antes, eu morava no Recreio (zona oeste), e lá a galera era bem 'bolsominion'. Há um ano moro aqui e, quando o confinamento começou e a galera foi se manifestar na janela, resolvi que ia colar nelas. A vizinha da frente me dá tchau todo dia, tem uma criança que fala comigo e grita junto 'Fora, Bolsonaro!', fui fazendo amizades", conta ela, que está isolada desde 13 de março.

Mas nem só com aliados se trava um embate político, mesmo que pela janela.

Eleitor arrependido de Bolsonaro, o funcionário público José Humberto Abreu participou do aço com vuvuzela - Paulo Sampaio/UOL - Paulo Sampaio/UOL
Eleitor arrependido de Bolsonaro, funcionário público José Humberto Abreu participou do aço com vuvuzela em SP
Imagem: Paulo Sampaio/UOL

"Uma vizinha que nunca olhou pra minha cara um dia me perguntou cadê minha a e me mandou tomar naquele lugar. Não xinguei de volta, fiquei rindo, sem reação. Tem outro vizinho que grita 'sua cambada de feministas, fora PT'", conta ela. Ela não acredita, no entanto, que o embate político vá se tornar um mal estar na vida prática. "Acho que pode ser que role uma abaixada de cabeça, uma resmungada, mas nada de mais", diz ela, sobre possíveis encontros nos espaços comuns.

Laranjas na varanda

A artista visual Ana Teixeira, de 62 anos, estava usando o deck do sobrado onde mora, na Vila Madalena, na zona oeste de São Paulo, para se manifestar politicamente.

"Colocava uma caixa de som bem alta, fazia projeções de um grupo artístico", conta ela. Até que, no início de abril, ao acordar, ela viu que sua casa tinha sido alvo de arremesso de laranjas. "A varanda de baixo estava com as laranjas. Aconteceu de madrugada, depois de eu ter fechado tudo para ir dormir. Não parece ter sido arremessado de uma varanda porque elas são longe daqui. Parece que alguém realmente veio para arremessar. As laranjas estouraram, sujaram as paredes. Fiquei mal, lógico, mas serviu para uma reflexão, para eu perceber que o que eu estava fazendo também era agressivo. E aí eu vi que não quero entrar nessa vibe agressiva", conta ela, que trocou as frases com dizeres contrários ao presidente por outras mais pacíficas em suas projeções.

Moradores da zona norte do Rio de Janeiro durante aço  - ERBS JR./FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO - ERBS JR./FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Moradores da zona norte do Rio de Janeiro durante aço, em março de 2020
Imagem: ERBS JR./FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Eleitora do presidente Jair Bolsonaro, a jornalista Patrícia Andrade também vem experimentando no prédio em que vive, em Icaraí, zona nobre de Niterói, a disputa política. "Quando começaram a bater a, um vizinho colocou o hino da Independência. Ficou 'Fora, Bolsonaro' e 'Mito'. Não é hora de ter guerrinha", diz ela, que, mãe de bebê de um ano, ficou tensa com a situação. Em outros tempos, no entanto, Andrade já experimentou um embate com uma vizinha.

"Quando Bolsonaro ganhou, comemorei na janela e eu e meu marido gritamos 'Fora, PT!'. Bati boca com uma vizinha, que havia falado absurdos. Depois, comprei um buquê de flores, deixei na porta dela e disse que os ânimos estavam exaltados. Nunca tive resposta", conta ela, que acha que, no entanto, as brigas partidárias não atrapalharam a convivência com a vizinha no prédio.

Brigar na janela é fazer política?

A antropóloga e pesquisadora Débora Diniz acredita que o fenômeno não tenha necessariamente a ver com o debate político.
"Esse espaço da casa se forma como bunker de resistência. É o meu espaço, é aquele que me resta, é como se ali fosse o meu forte, a minha fortaleza, dentro dessa alegoria equivocada do mundo político como uma guerra. Você vai guerrear com o que restou desse corpo político, que é pelo grito ou pela ofensa. A mútua ofensa não é participação política", diz ela.

Débora sugere outras formas de lidar com os tempos que a sociedade experimenta. "É devolver um processo pedagógico de como deve ser uma participação política. Esses corpos em breve vão adoecer, temos todos o risco de adoecer, e queremos a nossa comunidade olhe pra um vizinho e diga: 'Não importa o que você pensa, eu vou trazer a sua comida, eu vou ear com o seu cachorro, eu vou cuidar da sua criança'. Precisamos ser capazes de fazermos essa pergunta em uma micro-comunidade: como nós queremos enfrentar a epidemia e cuidar de nós mesmos e garantir as nossas diferenças?", diz

O cientista político, pesquisador de música e som e professor universitário Gabriel Gutierrez corrobora a visão de Débora Diniz e acredita que diálogo e construção política não são as intenções de aços e disputas em janelas.

"O som tem uma capacidade de comunicação própria, e a grande questão do aço tem a ver com a materialidade do som, não propriamente com a mensagem. Não tem a ver com construção de debate. Tem a ver com a capacidade de fazer barulho. Não vai ter aula de sociologia no aço", diz ele.

Gutierrez acredita que as brigas nas janelas sirvam mais como uma medição dos ânimos. "Tem muito a ver com a estridência, com quem grita mais alto, faz mais barulho, com as músicas associadas às forças políticas distintas. À esquerda, 'Apesar de você', 'Bella Ciao', 'irável Gado Novo'. À direita, o hino nacional, o da independência, o funk do Bolsonaro. A gente está falando mais de marcações estéticas do que de embate argumentativo, o impacto mais prático disso é trazer um termômetro, o espaço público sonoro serve muito mais como uma percepção do clima do que uma elaboração. O aço revela mais do que propõe", diz.