Amyr Klink: Não somos país de gente solidária, mas teremos que ser melhores
A pandemia do novo coronavírus levou boa parte da população mundial a se isolar como medida de precaução. E embora muita gente esteja em casa, vive um dilema: está junto da família ou de amigos, mas sozinho.
A questão foi discutida hoje no UOL Debate O programa reuniu Amyr Klink, navegador e escritor, já viveu longos períodos de isolamento em alto-mar; Juliana Wallauer, publicitária e apresentadora do podcast Mamilos; Henrique Vieira, pastor evangélico, teólogo, ator e ativista negro; e Maria Homem, psicanalista e autora de livros, reflete sobre a solidão contemporânea.
Por conta do cenário de solidão, Amyr Klink faz críticas à política do isolamento, especialmente pensando em bairros mais carentes. Por isso, reflete que é preciso haver evolução da sociedade como um todo mesmo fora de tempos de pandemia.
"Se a gente não se sente acolhido, não tem reconhecimento, a gente pode se sentir muito mal. O que a gente está vivendo agora, não tem especialista que tenha autoridade para falar sobre isso, porque a gente nunca viveu isso antes. A gente não sabe onde vai parar, o que a gente está vivendo. A gente está à deriva. Estamos aguardando um momento que a gente não sabe qual é", disse.
"Eu sou péssimo para dar conselho, mas o que eu acho importante é construir as nossas metas. Eu não estou de acordo com a quarentena. No Brasil, é uma utopia. É bonitinho fazer em Moema, no Morumbi (bairros de alto padrão de São Paulo). Não tem quarentena em favelas em Guarujá (SP), Cubatão (SP). Mas eu tenho que colaborar, é uma obrigação. Nós não somos um país de gente boazinha e solidária, mas teremos que ser melhores. Temos indicadores muito ruins. O brasileiro é oportunista, fominha, e vai ter que começar a pensar no conjunto", acrescentou.
Para Amyr, a conexão com outras pessoas - não só física e pessoal, mas também através de meios de comunicação — ajuda a abrandar o isolamento, nestes e em outros tempos. Mas depende de alguma interação com seres humanos, e não apenas com mensagens.
"Percebi que esse mundo hiperconectado ele não mitiga a sensação de isolamento muito dolorida, que a gente chama muitas vezes de solidão", disse o navegador, com vasta experiência em ar longos períodos isolado.
"Tenho mais de cinco anos contínuos que eu ei sozinho, completamente confinado e isolado. Posso dizer que raríssimas vezes ei pela sensação de me sentir só. A primeira vez que eu fiz uma travessia longa, os cem dias da África para o Brasil, quando eu comecei a ouvir rádio, as notícias do trânsito, conselhos sentimentais, horóscopo... aquilo foi tão emocionante", contou.
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